Primeira-ministra britânica enfrenta moção de censura
12 de dezembro de 2018A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, terá que enfrentar nesta quarta-feira (12.12) uma moção de censura interna do partido Conservador à sua liderança. O chamado "Comité 1922" do Partido Conservador na Câmara dos Comuns recebeu as 48 cartas necessárias dos deputados, o equivalente a 15% do grupo parlamentar de 315 deputados, para convocar a votação.
A votação está prevista para esta quarta-feira, entre as 18h00 e as 20h00 horas tempo universal, sendo os votos contados "imediatamente depois e um anúncio será feito o mais breve possível".
Esta quarta-feira de manhã, Theresa May prometeu lutar "com tudo o que tem" contra a moção de censura, rejeitando demitir-se antes da votação.
Sair nesta altura significaria "colocar em risco o futuro do nosso país e criar incerteza num momento em que ela é menos desejada", afirmou May.
Brexit é pomo da discórdia
A decisão sobre se o líder, neste caso Theresa May, mantém ou deixou de merecer a confiança dos deputados é ditada quando reúne pelo menos metade dos votos mais um, ou seja 159.
Se May vencer, fica imune durante um ano a nova contestação interna, embora uma vitória por uma margem curta possa fazer com que coloque o lugar à disposição.
No centro da discórdia está o acordo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), o chamado Brexit, que May negociou com a União Europeia.
Os deputados conservadores anti-UE criticam a permanência de uma União Aduaneira entre o bloco e o Reino Unido (chamado "backstop"), prevista no acordo, para evitar uma nova fronteira entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte. Há ainda outros conservadores que defendem a permanência do Reino Unido na UE e um segundo referendo antes da saída definitiva dos britânicos da União Europeia.
Face às resistências, Theresa May adiou a votação sobre o acordo de Brexit que estava prevista para esta terça-feira (11.12). No mesmo dia, May tentou renegociar o acordo através de várias visitas a líderes europeus, incluindo Angela Merkel em Berlim. Mas a primeira-ministra britânica voltou de mãos vazias a Londres, já que a UE quer manter o acordo inalterado.
Theresa May terá destino semelhante ao de Iain Duncan Smith?
A última vez que um líder conservador foi deposto pelos seus próprios parlamentares foi em 2003, quando Iain Duncan Smith acabou por ser substituído por Michael Howard.
Se a líder dos 'tories' perder, é afastada e inicia-se uma corrida à sucessão, que só pode ter como candidatos deputados eleitos pelo partido Conservador, com o apoio de pelo menos dois colegas.
Os pretendentes são sujeitos a uma série de votos secretos que vão eliminando os menos populares até restarem apenas dois, que são então alvo de um sufrágio geral junto dos militantes do partido.
O processo pode demorar várias semanas, a não ser que um dos dois candidatos finais se retire da corrida, como fez Andrea Leadsom, em 2016, deixando o caminho livre a Theresa May.