Presidente da Zâmbia declara estado de emergência
6 de julho de 2017"Não vou tolerar estas ilegalidades", afirmou o Presidente zambiano, Edgar Lungu, num discurso transmitido na televisão, na quarta-feira à noite (05.07).
Nos últimos meses, houve uma série de incêndios na Zâmbia. O mais recente atingiu na terça-feira o maior mercado do país, na capital Lusaka, sem deixar mortos ou feridos. As causas do fogo ainda estão por apurar. Lungu aponta, porém, o dedo aos seus opositores.
Durante o discurso televisivo, o chefe de Estado disse que se trata de uma "sabotagem económica", uma tentativa de prejudicar o seu Governo, tornando-o "ingovernável".
"Se eu me tornar ditador desta vez, conto com a vossa compreensão", acrescentou Edgar Lungu.
Medidas radicais
O estado de emergência ainda não foi aprovado pelo Parlamento. Mas, se for aceite, o Governo poderá adotar medidas como o recolher obrigatório, o destacamento de militares para as ruas e o encerramento de meios de comunicação social privados.
"Seriam muitas restrições e muitas pessoas podem ser prejudicadas", afirma Kathy Sikombe, correspondente da DW na Zâmbia. "As pessoas poderão ser presas. A polícia terá o direito de revistar e levar os cidadãos das suas próprias casas."
Na quarta-feira, a oposição criticou de imediato o anúncio do estado de emergência pelo Presidente zambiano. O Partido Verde comunicou à imprensa que a medida corresponde a usar "violência em resposta a violência".
Críticas duras
Edgar Lungu tem sido acusado de tentar silenciar as vozes críticas. No mês passado, 48 deputados do maior partido da oposição, o Partido Unido para o Desenvolvimento Nacional (UPND), foram suspensos do Parlamento por 30 dias após boicotarem a apresentação do "Estado da Nação" em março.
O clima de tensão na Zâmbia tem aumentado desde a detenção, em abril, de Hakainde Hichilema, líder do UPND, acusado de tentar derrubar o Governo de Edgar Lungu. Hichilema perdeu as eleições no ano passado para Lungu e alegou que o resultado foi manipulado.
Depois da detenção deste opositor, líderes religiosos zambianos também têm criticado o Presidente, afirmando que o Estado estará prestes a tornar-se numa ditadura.