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Presidente angolano pede reformas nas Nações Unidas

Maria João Pinto
27 de setembro de 2018

A ONU deve alargar o Conselho de Segurança, defendeu esta quarta-feira (26.09) o chefe de Estado angolano, João Lourenço, na Assembleia Geral das Nações Unidas. O Presidente de Cabo Verde pediu o fim da pena de morte.

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João Lourenço: "Muitas têm sido as vozes a exigir reformas profundas na organização da ONU"Foto: picture-alliance/Xinhua/Qin Lang

No dia em que celebrou o primeiro ano na presidência de Angola, João Lourenço destacou o país como um exemplo para a ONU na construção da paz e reconciliação. E reconheceu progressos nas Nações Unidas na promoção dos direitos humanos e no fim do colonialismo, mas pediu reformas na organização, num tempo em que continuam a proliferar conflitos.

"Muitas têm sido, por isso, as vozes a exigir reformas profundas na organização da ONU, que se adequem aos novos tempos, nos quais, o surgimento de novos polos de poder económico e financeiro e de avanço técnico e científico, justificam plenamente a redefinição das suas estruturas e mecanismos de intervenção e o alargamento e a reforma do Conselho de Segurança, representando melhor as diferentes regiões geopolíticas do nosso planeta", declarou em Nova Iorque.

João Lourenço considera que a ONU "ainda está longe de cumprir o que está expresso na sua Carta", apontando a fome, a emigração ilegal, o tráfico humano, o terrorismo e os conflitos armados como algumas das questões "que podem pôr em risco a própria sobrevivência da humanidade".

Presidente angolano pede reformas nas Nações Unidas

Num discurso de 15 minutos, o Presidente angolano destacou o papel do país na pacificação da África Austral e Central e reiterou o apoio na resolução dos problemas globais: "Angola manifesta a sua total disponibilidade para continuar a apoiar todos os esforços na promoção da cooperação entre as nações de todo o mundo, na consolidação da paz e na defesa de relações de cooperação, do comércio e do investimento no plano bilateral e multilateral".

No plano regional, o chefe de Estado angolano apresentou como prioridades o desenvolvimento da África Austral e Central e o "relançamento económico" de Angola.

Cabo Verde quer fim da pena de morte

Também o Presidente da República cabo-verdiano destacou a economia na sua intervenção desta quarta-feira, na sede das Nações Unidas. Jorge Carlos Fonseca reconheceu que Cabo Verde é ainda muito vulnerável, pelo que é obrigado a "continuar a contar com a solidariedade internacional".

Präsidenten Marcelo Rebelo de Sousa  Jorge Carlos Fonseca
Marcelo Rebelo de Sousa e Jorge Carlos FonsecaFoto: Cabo Verde Regierung

"Com uma economia baseada em serviços, um mercado de dimensões exíguas e uma agricultura que luta contra a desertificação e a escassez das chuvas, não podemos ignorar as grandes vulnerabilidades de que padecemos e, por isso, sabemos que não nos podemos deslumbrar com o facto de termos sido graduados como país de rendimento médio", disse.

Ainda assim, o chefe de Estado cabo-verdiano lembrou que os índices de desenvolvimento económico, social e financeiro do país têm recebido avaliação positiva das principais instituições internacionais e sublinhou a "cultura de tolerância" e democracia dos cabo-verdianos.

Neste sentido, lançou um apelo aos países da ONU - a união para acabar com a pena de morte. "A existência da pena de morte em pleno século XXI exige de todos uma reflexão mais profunda, mais cuidada e mais responsável. Acreditamos firmemente, em nome da clemência e em nome da prudência, que a pena capital não se revela como um instrumento adequado e justo", defendeu Jorge Carlos Fonseca.

O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou perante a Assembleia Geral da ONU que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) prossegue o objetivo de ver o português como língua oficial desta organização. No seu discurso, Rebelo de Sousa saudou "o reforço da CPLP, agora presidida por Cabo Verde e, em seguida, por Angola", e enalteceu o contributo desta comunidade "para a estabilidade e o desenvolvimento".