Presidente angolano defende soberania da Palestina
24 de janeiro de 2024João Lourenço entende ser o momento de os países demonstrarem solidariedade para com o povo palestiniano "porque tem o mesmo direito a um território dentro de um Estado livre e soberano por criar".
"Antes que o povo palestino seja completamente exterminado, enquanto é tempo, as Nações Unidas, nomeadamente o seu Conselho de Segurança, devem dar passos concretos para a materialização das suas próprias resoluções que refletem a vontade expressa da esmagadora maioria dos seus Estados membros", disse esta terça-feira (23.01).
Para o chefe de Estado angolano, que falava na cerimónia de cumprimentos de Ano Novo ao corpo diplomático acreditado em Angola, a criação de um Estado independente e soberano da Palestina "é a única forma de se pôr um fim definitivo a este velho em muito violento".
"Colocando os dois povos, judeu e palestino e os dois Estados, de Israel e da Palestina, a viveram lado a lado, em paz e harmonia, cooperando de forma normal, como é suposto acontecer em países vizinhos que partilham fronteiras comuns", frisou.
A atual guerra entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita no sul do território israelita, que matou cerca de 1.200 pessoas e fez mais de 200 reféns (dos quais mais de 100 permanecem em Gaza), em 07 de outubro.
O Presidente angolano lamenta mesmo a guerra que persiste na Faixa de Gaza considerando que, "não obstante ao direito que cabe a Israel de defender o país e proteger os seus cidadãos", assiste-se a mais de cem dias a uma "reação desproporcional que vitimou mais de 25.000 cidadãos palestinos, entre os quais milhares de crianças indefesas".
"A história vai condenar-nos no futuro de mantivermos hoje o silêncio cúmplice e nada fizermos para se acabar com este massacre de civis que acontece na Faixa de Gaza", exortou João Lourenço, falando aos diplomatas acreditados em Angola.
Outros conflitos
Manifestou "apreensão" para com os conflitos que ocorrem, nos últimos anos, em diferentes continentes, exemplificando a guerra entre a Rússia e a Ucrânia: "O mundo não pode aceitar que a lei do mais forte prevaleça sobre a ordem internacional estabelecida", apontou.
Condenou as mudanças inconstitucionais em África, "que vêm ocorrendo com frequência e impunidade dos seus autores", salientando que Angola encara a questão da paz, da estabilidade e da reconciliação nacional em África, como uma componente essencial da sua diplomacia.
As iniciativas de Angola para a resolução de conflitos que assolam a República Democrática do Congo, República Centro Africana, Moçambique e no Sudão foram ainda destacadas por João Lourenço.
João Lourenço manifestou ainda convicção de que as conquistas internas alcançadas por Angola no plano material "terão uma sustentabilidade mais duradoura e sólida, se tudo isso se processar dentro do quadro da construção do Estado democrático e de direito".
"No âmbito do qual demos sequência à algumas das preocupações da nossa nação que têm a ver com a melhoria e consolidação dos direitos, liberdades fundamentais e garantias dos cidadãos, da transparência na governação e proximidade governativa, o combate à corrupção e a impunidade bem como a necessária independência e harmonia entre os diferentes poderes do Estado", concluiu.