Presidenciais no Senegal: Campanha eleitoral ao rubro
20 de março de 2024Com o adiamento das eleições presidenciais, inicialmente previstas para 25 de fevereiro, os 19 candidatos tiveram pouco mais de duas semanas para convencer os mais de 7 milhões de eleitores registados.
Estas serão as primeiras eleições durante o período do Ramadão no Senegal, país maioritariamente muçulmano. Iman Ndiaye, imã de uma mesquita na capital, Dakar, defende que o mês sagrado deve ser respeitado no dia das eleições.
"Não devem quebrar o jejum e passar o dia em caravanas a insultar as pessoas, lançar insultos ou a fazer coisas que ponham em causa a paz social e a estabilidade do país", defende.
No entanto, o especialista eleitoral El Hadji Saidou Nourou Dia acredita que conseguir grande afluência às urnas será um desafio no contexto do Ramadão.
"Mas se cada senegalês estiver realmente motivado pelo desejo de contribuir para o desenvolvimento do país, o jejum não deve ser um obstáculo para ir votar, porque cada um de nós deve ser responsável pelo presidente que vamos eleger", diz.
Lista de 19 candidatos
Entre os candidatos está Amadou Ba, escolhido a dedo pelo ainda Presidente Macky Sall. O político, de 62 anos, que abandonou o cargo de primeiro-ministro para fazer campanha para a presidência, candidata-se com o lema "Prosperidade Partilhada".
Também Bassirou Diomaye Faye promete "dar luta” nestas eleições. O inspetor fiscal de 49 anos era relativamente desconhecido até ser apoiado por Ousmane Sonko, que foi impedido de concorrer devido a uma condenação por difamação.
O apoio de Sonko é um sinal de esperança, uma vez que o político da oposição é muito popular entre os mais jovens - frustrados com a falta de emprego.
Entre os 19 candidatos estão ainda o antigo primeiro-ministro Idrissa Seck, que ficou em segundo lugar em 2019, Khalifa Sall, por duas vezes presidente da câmara de Dakar, e a empresária Anta Babacar Ngom, de 40 anos, a única mulher a concorrer.
Crise política
O Senegal tem realizado eleições regulares desde que se tornou independente da França em 1960 e nunca sofreu um golpe de Estado. O país tem sido visto como um exemplo de democracia e estabilidade na região.
No entanto, o país mergulhou numa crise política quando o Presidente cessante Macky Sall decidiu adiar as eleições apenas oito horas antes do início da campanha, dando origem a violentos protestos e detenções.
"O desafio das eleições presidenciais será a realização de um escrutínio pacífico, honesto e transparente que respeite o calendário eleitoral", alerta o diretor executivo da Plataforma dos Atores da Sociedade Civil para a Transparência das Eleições no Senegal, Djibril Gningue.