Portugal Telecom investe em África
14 de junho de 2011Zeinal Bava, presidente executivo da operadora de telecomunicações portuguesa "Portugal Telecom" (PT), afirma que segue uma estratégia de internacionalização com o Brasil entre os mercados preferenciais. Para aquele executivo, o continente africano tem sérios desafios de infraestruturas e de regulação a enfrentar nos próximos anos.
Brasil, Portugal e África, um triângulo com futuro
"Brasil, Portugal e África constituem um tripé estratégico para a Portugal Telecom, que está atenta à evolução do mercado da lusofonia com cerca de 300 milhões de pessoas" - a visão é de Zeinal Bava, presidente executivo da Portugal Telecom, que, sem descurar outras oportunidades de investimento, aponta África como um continente com fortes possibilidades de crescimento no futuro.
Em declarações aos jornalistas, à margem da última Assembleia Anual do Banco Africano de Desenvolvimento, que encerrou na última sexta-feira em Lisboa, o executivo disse que as novas tecnologias vão desempenhar um papel preponderante na melhoria da vida das pessoas em África, e poderão ajudar os governos a reduzirem os custos.
"Servem para tornar as empresas mais eficientes, mais eficazes. Servem por exemplo para os governos reduzirem os custos, virtualizando muitas das coisas que hoje nós fazemos com apoio físico".
As telecomunicações são o futuro
Trata-se dum investimento estrutural, quase tão importante como as auto-estradas, acrescentou.
"Em África, o que é que nós estamos a fazer? É garantir que em todos os países em que estamos presentes, nós temos a mesma qualidade de infra-estruturas que temos por exemplo no mercado português. Eu dei, como exemplo, que lançámos o IPTV, o Mel, primeiro em Cabo Verde e depois em Portugal. Namíbia tem hoje uma penetração de 3G Banda larga móvel, igual a Portugal".
Mas Zeinal Bava considera que para atrair investimentos, a África deve adoptar políticas setoriais para a promoção da chamada Agenda Digital e uma regulação previsível.
"A médio prazo, a África vai ter mais 300 milhões de consumidores do que tem hoje. É uma grande oportunidade para empresas de consumo. Ao mesmo tempo é necessário fazer grandes investimentos", disse à Deutsche Welle o dirigente da Portugal Telecom.
A Telecom portuguesa não está em crise
A uma pergunta da DW sobre a situação financeira da PTI Zeinal Bava a respondeu da seguinte forma:
"A PT tem uma situação financeira muito sólida. Nós somos uma empresa que tem tudo re-financiado até 2013. Estamos a operar de facto num enquadramento macro-económico em Portugal mais difícil; mas nós temos como empresa o luxo de poder tomar decisões de longo prazo porque nos financiamos em tempo útil".
Uma das grandes apostas da PT é o aumento da penetração da banda larga, através do serviço móvel. No início deste ano, depois de consumado o negócio com a OI, um dos maiores operadores de telecomunicações do Brasil, o executivo da Portugal Telecom visitou vários países africanos com o objetivo de expandir a atividade da empresa.
Com 60 por cento de negócio fora de Portugal, a PT procura assim criar espaço para servir de alavanca para a entrada em novos mercados de outras empresas portuguesas com projetos inovadores.
O grande foco da empresa é o Brasil, mas a PT tem igualmente investimentos e parcerias em Angola, Botswana, Cabo Verde, Moçambique, Namíbia e São Tomé e Príncipe.
Autor: João Carlos (Lisboa) / Carlos Martins
Edição: António Cascais