Moçambique excluído da cimeira de líderes sobre o clima
23 de abril de 2021Mais de 40 chefes de estados e governos mundiais participam da Cimeira de Líderes sobre o Clima convocada pelo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que arrancou esta quinta-feira (22.04) e termina hoje.
Em vários países, ativistas ambientais acusam as grandes potências de inação para reduzir a emissão de gases de efeito estufa, numa altura em que as consequências das alterações climáticas já são assinaláveis em muitos países, como é o caso de Moçambique.
De acordo com o Índice de Risco Climático Global, publicado anualmente pela organização não-governamental (ONG) GermanWatch, Moçambique ocupa o primeiro lugar na lista dos países mais vulneráveis às alterações climáticas, depois de ter sido afetado em 2019 (último ano analisado) pelos ciclones Idai e Kenneth, que fizeram cerca de 700 mortos.
No próximo domingo (25.04) assinalam-se dois anos da passagem do ciclone Kenneth por Moçambique. O país também está em risco de ser atingido pelo ciclone Jobo, que poderá afetar principalmente a província de Cabo Delgado.
Os mais afetados deviam ser ouvidos
José Langa representante do Observatório Ambiental para as Mudanças Climáticas (ObservA), estranha que o país tenha sido excluído desta cimeira.
"É triste porque parece que os nossos apelos, de que mais sofre, não chegam a quem tem o poder. Mas era interessante que nós como os mais afetados entrássemos neste debate", diz.
O ativista defende que chegou a hora de os países mais poderosos olharem para as populações mais vulneráveis às mudanças climáticas.
"Não vamos parar de continuar a pedir socorro em relação às mudanças climáticas, investindo em estudos científicos que vão mostrando, o quanto estamos a sofrer, mas principalmente o descaso de quem provoca esta questão das mudanças climáticas", afirma José Langa.
União contra o aquecimento global
No primeiro dia do evento, os líderes mundiais apelaram ao comprometimento de todos contra o aquecimento global.
O secretário-geral das ONU, António Guterres, desafiou os governos mundiais a tomarem a sério a questão das alterações climáticas. "O mundo está em alerta vermelho. Estamos à beira do abismo. Temos de ter a certeza de que o próximo passo está na direção certa. Os líderes de todo lado devem tomar medidas", apelou.
"Os sinais são inequívocos. O custo da inação continua a aumentar", reconheceu o anfitrião da cimeira, Joe Biden. O Presidente americano comprometeu-se a reduzir para metade a poluição de gases com efeito de estufa nos EUA até 2030. E lançou um apelo aos demais líderes mundiais. "Esta é a década em que temos de tomar decisões que evitem as piores consequências de uma crise climática."
A nova promessa de Biden veio depois de a administração Trump ter se retirado do Acordo de Paris sobre o clima. Os Estados Unidos voltaram a aderir ao acordo logo após a tomada de posse de Biden.
A chanceler alemã, Angela Merkel, assegurou que o seu país continuará a fazer a parte que lhe compete na luta contra o aquecimento global. "A Alemanha já reduziu as emissões de dióxido de carbono em 40% em relação aos níveis de 1990. Até 2030 queremos ter pelo menos 55% menos emissões do que em 1990", destacou.