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Plataforma online leva poesia africana a uma audiência global

Joyce Copstein20 de novembro de 2014

Produção literária do continente e da diáspora é apresentada em podcasts semanais. Política, identidade, amor e espiritualidade são alguns dos temas discutidos pelos mais de 350 autores que participam do projeto.

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Foto: DW

Fruto da intensa tradição oral que marca os povos africanos, o trabalho de centenas de poetas do continente e da diáspora está reunido em uma plataforma virtual de intercâmbio artístico. Na Badilisha Poetry X-Change, é possível transitar pela poesia de Moçambique, África do Sul, Nigéria, Ruanda, Namíbia, Zimbábue e outros 16 países que já têm representantes no sítio.

A iniciativa da ONG African Centre está na internet desde 2012, depois de ser um festival durante três anos. "Nós queríamos superar os limites geográficos de um festival", conta a gestora do projeto, Linda Kaoma. "Ao levar a Badilisha para uma plataforma online, asseguramos que poderíamos atingir não só pessoas no continente, mas de maneira internacional, ou seja, tínhamos uma plataforma maior para apresentar os poetas e dar a eles a exposição de que tanto precisam".

Textos na língua materna

A ferramenta já deu espaço a mais de 350 escritores, apresentados semanalmente em um programa de rádio que fica arquivado como podcast. Um deles é a moçambicana Tina Mucavele, que hoje vive em Maputo. Além de escrever, ela compõe e é ativista social e uma das fundadoras do movimento de expressão artística Sem Crítica. A poetisa passou parte da adolescência na África do Sul e avalia que a produção africana ganha mais relevância nos países de língua inglesa do que nos PALOP:

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"Existe, mas as dinâmicas sociais são diferentes, os interesses sociais são diferentes. Temos um movimento de poesia muito forte, mas é só na cidade de Maputo, não é uma coisa que está a acontecer em nível nacional".

Diversidade de gêneros

Na Badilisha, Tina não apenas divulga o próprio material, mas também é uma das apresentadoras dos podcasts. Para ela, uma das virtudes do sítio é permitir que os poetas publiquem nos idiomas nacionais. A ferramenta oferece uma diversidade de assuntos e de gêneros, como releva Linda Kaoma:

"Os poetas falam de amor, de questões sócio-políticas, de identidade e por aí vai. Há muitas coisas e pode-se ouvir diferentes gêneros de poesia. Pode-se ouvir os poetas slam, os poetas mais musicais, os que têm influência do hip-hop e os poetas espirituais. Tem coisas brilhantes, e você tem acesso a poetas bem diferentes um do outro".

Para buscar novos autores, a Badilisha criou uma rede de colaboradores na Cidade do Cabo, na África do Sul, e em outros países. É possível conferir o resultado e submeter trabalhos pelo sítio.

Tina Mucavelle und Band
Uma das poetisas no sítio, a moçambicana Tina Mucavele (à frente, à direita) recita versos acompanhada pela banda que criou em MaputoFoto: Adiodato Gomes