Países da África subsaariana ausentes da Feira do Livro em Frankfurt
Os custos elevados são um dos motivos pelo qual tão poucos editores africanos se deslocam a Frankfurt, na Alemanha, mas não o único.
"Na maioria dos países africanos a educação é gratuita e o Governo fornece os livros aos alunos. Um editor que tenha um livro escolar selecionado pelo Governo ou ministério não tem de se esforçar muito para conseguir o seu dinheiro", explica a editora ganesa Akoss Ofori-Mensah.
Akoss Ofori-Mensah é uma veterana da Feira Internacional do Livro de Frankfurt. Está presente neste, que é um dos maiores certames da especialidade desde 2000, a expensas próprias. É a única do seu país em Frankfurt, entre as poucas dezenas de editores africanos oriundos exclusivamente da África do Sul e da Nigéria.
A feira já lhe valeu contactos preciosos, como por exemplo com o Taiwan, onde autores seus têm agora obra traduzida e publicada.
A primeira vez que a ganesa se deslocou a este evento foi a convite da organização da feira, inserida num programa financiado pelo Governo alemão e levado a cabo pela organização não governamental litprom - Sociedade para a Promoção da Literatura Africana, Asiática e Latino-americana. O programa destina-se a jovens editores de países com mais dificuldades em financiar a viagem e a estadia.
Uma rede de oportunidades
Béatrice Gbado, que fundou um editora para livros juvenis no Benim, está decidida a agarrar essa oportunidade para novos contactos.
"Os editores africanos não têm o hábito de se encontrar. Aqui já tive a oportunidade de conhecer nigerianos, etíopes, e outros colegas africanos, com os quais posso lançar projetos conjuntos", recorda a jovem editora, que confia num futuro brilhante para o mercado do livro no continente africano.
"Sou otimista porque o livro tem um grande futuro pela frente, tanto mais que temos um mercado que nem sequer está consciente ainda das suas necessidades. À medida que esta consciencialização se alarga, cresce também o mercado", comenta.
A aposta no digital
Bibi Bakare-Yusuf, também da Nigéria, veio a convite da feira no programa para jovens editores. As suas ambições vão além da compra e venda de direitos e já começou a procurar contactos com provedores de serviços digitais, como impressores e empresas de conversão de livros digitais.
"Estamos a apostar cada vez mais no livro eletrónico. Não tanto para leitura no e-reader, que não é tão comum na Nigéria, mas nos telemóveis com acesso à internet que estão em todo o lado em África", afirma.
Bibi Bakare-Yusuf conta que aposta não apenas na literatura dos seus conterrâneos, tendo já publicado outros autores africanos, nomeadamente do Quénia e do Uganda.
Akoss Ofori-Mensah concorda que é importante fomentar a literatura africana no continente, mas a feira de Frankfurt abre ainda portas para outras possibilidades.
"Esta é uma oportunidade de promover os nossos livros para além das fronteiras de África", conclui a editora ganesa.