Paz em Moçambique: Há um otimismo generalizado na Zambézia
17 de março de 2017O delegado provincial da RENAMO, o maior partido da oposição, na província central da Zambézia, explicou esta sexta-feira (17.03.), em conferência de imprensa, que os membros e simpatizantes da RENAMO estão satisfeitos.
Abdala Ossifo afirma que "o país está a viver uma derradeira democracia e com base nisso está-se a resgatar a paz." Ele considera ainda que o Presidente da República, Filipe Nyusi, e o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, estão unidos para definitivamente acabar com a guerra.
O membro da RENAMO relata: "Passamos por todos os distritos da província, palcos da fase de "corta-pescoço" até as localidades. E nessas voltas conseguimos reunir [pessoas] nos postos administrativos, encontramos muita gente alegre e emocionada. Elas disseram que agradecem ao líder da RENAMO e ao Presidente da República [pelos esforços]. Os alunos conseguem estudar, os curandeiros deslocam-se sem dificuldades. Temos que fazer esforços para não defraudar os pensamentos de Nyusi e Dhlakama."
Moçambique vive desde 2013 um clima de insegurança político-militar. Vários confrontos armados causaram centenas de mortos e feridos no centro do país, zona considerada bastião da oposição. Após várias rondas de negociações de paz entre o Governo e a RENAMO - apesar de faltar ainda um acordo final – Filipe Nyusi e Afonso Dhlakama anunciaram uma trégua nos confrontos.
Crença numa paz definitiva
Além dos membros da RENAMO, também os representantes da FRELIMO, o partido no poder, e membros do Governo provincial da Zambézia mostram satisfação e optimismo quanto a um cessar-fogo definitivo.
Beato Dias é diretor provincial da Juventude e Desporto e está otimista: "Tenho a certeza que o Presidente da República vai dialogar com o líder da RENAMO, e o país viverá em paz para sempre. A paz é definitiva, estes dias as coisas estão a correr normalmente, todo o mundo está satisfeito com isso."
O edil de Quelimane, Manuel de Araújo, também acredita que Moçambique em breve estará em paz: "Nós moçambicanos não podemos ficar à espera que a trégua acabe, cada um de nós deve fazer a sua parte para que a trégua seja definitiva. O povo moçambicano já sofreu demais, tivemos a guerra de Armando Guebuza."
Araújo finaliza dizendo que "o povo não pode ser carne para canhão, o povo não pode continuar a ter dirigentes que pedem dinheiro para comprar barcos que não pescam."
Recentemente, o líder da RENAMO falou aos jornalista da Zambézia, em teleconferência, e sublinhou que a paz em Moçambique será alcançada quando o Presidente da República aceitar os pedidos da RENAMO. Caso não haja entendimento, a trégua será rompida.
Afonso Dhlakama disse: "Vai depender do Presidente da República, esta trégua que dei de três meses está a resultar muito bem, há muitos produtos nos mercados e os transportes estão a circular normalmente nas estradas."
Muitos membros da RENAMO, funcionários públicos, teriam abandonado as suas atividades porque estavam a ser perseguidos. Neste momento, segundo o partido todos já regressaram aos seus postos de trabalho, incluindo os cinco membros da Assembleia Provincial que também se encontravam em parte incerta.