Patrice Trovoada quer normalização do clima político em São Tomé e Príncipe
30 de maio de 2014Patrice Trovoada, presidente da Ação Democrática Independente (ADI), vai regressar brevemente a São Tomé e Príncipe para defender em campanha eleitoral as propostas do partido desenhadas para a nova legislatura. O ex-primeiro-ministro já assumiu ser o candidato da ADI nas próximas eleições legislativas, previstas para meados deste ano, mas ainda sem data marcada.
“Eu sei que os meus adversários estão um pouco preocupados, mas eu considero isso perfeitamente normal. Nós estamos num combate político que deve ser democrático, que deve ser pacífico mas que não exclui paixões tanto de um lado como do outro”, declarou.
O líder da ADI, maior partido da oposição, regressa com a pretensão de dar continuidade às mudanças que inciou no mandato anterior para uma nova era no país. “Já há quatro anos tinhamos começado um programa e começámos a implentar esse programa com alguns resultados em termos de transformações económicas. Mas quando eu digo uma nova era, eu penso que o país precisa verdadeiramente de estabilidade política. E então é preciso que os comportamentos, as atitudes a nível da classe política mudem”, lembra.
Novas gerações
Mudanças que implicam, por um lado, chamar à política novas gerações, com novos comportamentos e novas ambições, explica Patrice Trovoada.
A viver há cerca de 18 meses em Portugal, Miguel Trovoada quer reassumir a liderança do partido e apresentar aos são-tomenses propostas alternativas ao atual Governo. O filho do antigo Presidente revela algumas das propostas que vai apresentar ao eleitorado são-tomense.
“Nós temos um conjunto de reformas que pertendemos fazer, nomeadamente, no sentido de uma maior coesão social e do crescimento económico fundamentalmente baseado na capacidade de atrairmos capital. Capital externo, mas também permitir aos nacionais condições de poderem desenvolver atividades económicas privadas", adiantou.
A segunda questão, revelou ainda Patrice Trovoada, "tem a ver com reformas a nível das instituições e provavelmente a criação de novos palcos que permitam a concertação social, o diálogo político, maior transparência e maior associação das pessoas à tomada de decisões mesmo que essas pessoas nões estejam no poder.”
Bipolarização da sociedade política
Diz, por outro lado, que é preciso tirar lições dos erros e acontecimentos do passado. Face a isso, defende uma maioria absoluta, contra a bipolarização da sociedade política são-tomense. “Há uma troika de três partidos mas que no fundo estão coligados. Nenhum deles tem capacidades para ter a maioria absoluta, daí que terão de continuar coligados. E há a ADI, que é o maior partido são-tomense, que no fundo falhou a maioria absoluta nas últimas eleições e que tem probabilidade de ter a maioria absoluta”, explica Miguel Trovoada.
Patrice Trovoada considera que seja qual for o vencedor das próximas eleições legislativas, São Tomé e Príncipe não poderá continuar a viver em estado de permanente guerrilha institucional e exclusão sistemática de quem não agrada o poder. Em nome da estabilidade, a decisão sobre quem irá conduzir o destino do país nos próximos quatro anos, refere Trovoada, está nas mãos dos eleitores são-tomenses.
Dito isto, o dirigente da ADI insta o Presidente Manuel Pinto da Costa a definir a data das eleições, de acordo com a Constituição.“É importante que o presidente Pinto da Costa marque eleições. [Eleições em junho] está fora de questão. Eu estou convencido que de facto tenhamos eleições só em outubro”, declarou.
Depois de contactos na Europa, Patrice Trovoada deverá visitar os países africanos onde radicam comunidades são-tomenses, antes de regressar a São Tomé. Regresso que está condicionado à marcação da data das eleições.