Parlamento da África do Sul elege hoje próximo Presidente
14 de junho de 2024O parlamento recém-eleito da África do Sul reúne-se hoje para escolher o próximo Presidente do país, ainda com a incerteza sobre que partidos se irão juntar ao Congresso Nacional Africano (ANC), o partido no poder, no governo de unidade nacional e que políticas irão adotar.
Espera-se que Cyril Ramaphosa, de 71 anos, líder do ANC há três décadas, seja reeleito, uma vez que nenhum outro candidato foi apresentado.
O ANC anunciou na noite passada que tinha chegado a um entendimento com a Aliança Democrática (DA) e outros partidos mais pequenos, mas o secretário-geral do partido no poder, Fikile Mbalula, disse que os pormenores finais do acordo ainda estavam a ser ultimados.
"Esperamos poder contar com eles para eleger o Presidente [sexta-feira], não estou em posição de divulgar detalhes. Todos os outros elementos do governo de unidade nacional serão aprimorados mais tarde", declarou."Este não é o momento de negociar esta ou aquela posição. É sobre como servir o povo da África do Sul, precisamos subscrever o constitucionalismo e o Estado de direito", salientou Mbalula.
O ANC obteve 40,18% dos votos nas eleições de 29 de maio e perdeu a maioria absoluta no parlamento pela primeira vez em três décadas no poder desde o fim do apartheid, manteve encontros com "todos os partidos políticos", informou ainda o secretário-geral.
"Não somos um partido que existe sem ideologia, não morremos em 1994. Seis milhões de pessoas querem que o ANC exista e nós vamos viver. Não vamos perseguir um manifesto de outro partido", frisou Fikile Mbalula..
Negociações com outros partidos
O partido Aliança Democrática já indicou que também estaria disposto a integrar um governo de unidade nacional, mas não fez ainda um anúncio final sobre as conversações com o ANC.
Segundo Mbalula, o ANC também iniciou "negociações exploratórias" com o partido de extrema-esquerda Combatentes da Liberdade Económica (EFF), antigo dissidente do ANC, sublinhando que as duas forças políticas "não se encontraram".
"Não estamos em posição de governar sozinhos. Onde não estamos no comando, deixaremos para aqueles acima de nós", afirmou,
O Partido Livre Inkatha (IFP), quinto partido mais votado com 17 mandatos, já anunciou que aceitaria integrar um governo de unidade nacional.
O único governo de unidade nacional anterior da África do Sul, que se seguiu às primeiras eleições multirraciais do país em 1994 e que viu Nelson Mandela tornar-se Presidente, foi regulado pela Constituição provisória do país. Esta previa, entre outros aspetos, a forma como os cargos do governo deviam ser atribuídos de acordo com o número de lugares que um partido obtivesse na Assembleia Nacional pós-apartheid.
Ebraim Fakir, analista do Instituto Eleitoral para a Democracia Sustentável em África, explica que a África do Sul não tem atualmente qualquer quadro legislativo ou constitucional que regule a forma como o governo de unidade proposto deve ser constituído.