PAIGC quer realizar congresso em meados de agosto
2 de agosto de 2022Na "corda bamba" desde fevereiro, o décimo congresso do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) já pode, segundo a Justiça, ser realizado.
O Tribunal de Relação da Guiné-Bissau considerou, na segunda-feira (01.08), improcedente um recurso interposto por Bolom Conte, que impedia o PAIGC de realizar o seu congresso. Conte alegou que estava a ser impedido de participar na lista de delegados.
Depois da decisão do tribunal, será que é desta que o congresso do histórico partido guineense avança? Em entrevista à DW África, Manuel dos Santos 'Manecas', presidente da comissão preparatória do décimo congresso do PAIGC, garante que sim.
DW África: O congresso do PAIGC pode avançar? Já não há obstáculos?
(MS): Sim, já não há mais nenhum impedimento. Vamos fazer o congresso o mais depressa possível. Só faltam algumas questões logísticas, que temos de resolver. É uma questão de dias e não de meses.
DW África: Há uma data marcada?
MS: Ainda não, mas será em meados de agosto.
DW África: O PAIGC diz que Bolom Conte terá agido de má-fé. Porquê?
MS: Porque é verdade. [Tentou-se] adiar o congresso por motivos não jurídicos, mas políticos.
DW África: O que falta para concretizar o décimo congresso do PAIGC?
MS: É um congresso que congrega cerca de 1.500 pessoas, que carece de alguma preparação, de toda a logística necessária. Os delegados estão espalhados pelos quatro cantos do país e devem vir para Bissau, temos de tratar das questões de alojamento e de alimentação... Mas não há mais nenhum impedimento jurídico ou de outra natureza.
DW África: Domingos Simões Pereira será o único candidato à presidência do partido?
MS: Creio que não. Há outras pessoas que se estão a apresentar como potenciais candidatos. Ainda agora apareceu um antigo vice-presidente do partido, que tinha abandonado o PAIGC há vários anos e também se quer candidatar. É óbvio que todas as pessoas que se quiserem candidatar ao lugar de presidente do partido - e que reunirem as condições necessárias e suficientes - vão poder fazê-lo. Não vamos colocar obstáculos a absolutamente ninguém. Mas a candidatura faz-se no congresso e não fora dele.
DW África: Mas há nomes que possa adiantar, além de Domingos Simões Pereira?
MS: João Bernardo Vieira, Octávio Lopes, Raimundo Pereira - e podem aparecer outros.
DW África: O PAIGC está confiante na realização das legislativas de dezembro?
MS: O tempo é tão escasso que não creio que se faça as legislativas em dezembro. Porque ainda falta completar ou fazer de raiz o recenseamento. Isso leva tempo e estamos na época das chuvas, o trânsito nalgumas regiões é problemático - e as chuvas só terminam em outubro. Portanto, não estou a ver que se consiga realizar as eleições em dezembro, até do ponto de vista logístico.
Mas se as legislativas forem justas e transparentes, não tenho dúvidas que o PAIGC vai ganhar. É a minha convicção pessoal.