Os 77 por cento: Ser albino no Quénia
Ter albinismo pode ser perigoso em muitos países africanos. No Quénia, este estigma existe, mas as coisas estão a melhorar. Conheça a história de três jovens albinos que vivem em Nairobi.
Educação é chave - Conheça o Daniel
"Pessoas com albinismo geralmente não têm oportunidades de educação devido à discriminação e estigmatização que sofrem. Então nós [na Sociedade de Albinismo do Quénia] criamos programas de empoderamento das pessoas, para que comecem seu próprio negócio e sejam independentes. Assim, podem cuidar das suas famílias", diz Daniel Shisia, porta-voz da Sociedade de Albinismo do Quénia.
"Mzungu Reloaded" – conheça o Whycliffe
Kibera é o maior bairro de lata de Nairobi. Um milhão de pessoas vivem aqui. Numa das ruas principais mais agitadas, entre a loja de sapatos e um quiosque, está a loja chamada "Mzungu Reloaded". "Mzungu" quer dizer "pessoa branca" em suaíli. Whycliffe é proprietário do espaço, mas ele não é um verdadeiro "mzungu" – ele é albino. "Escolhi este nome porque me pareço com um 'mzungu'", explicou.
Transformando um apelido numa marca
Em África, as pessoas com albinismo são mais notadas do que em qualquer outro lugar do mundo. Além da discriminação, eles têm de lidar com problemas de visão limitada e de pele devido à forte intensidade do sol. Whycliffe, entretanto, usa um chapéu e óculos. Ele decidiu usar sua cor de pele "branca" como marca registada para seus negócios.
Aceitação e empoderamento
"Aonde quer que eu vá, as pessoas chamam-me 'mzungu'. Pensei: 'que marca eu poderia usar para o meu negócio?' Por isso escolhi este nome. Muita gente não usa este nome com má intenções, é uma forma de me aceitarem, não é pejorativo". Whycliffe é um beneficiário do programa de empoderamento económico, um projeto da Sociedade de Albinismo do Quénia, que luta para consciencializar a sociedade.
Criar oportunidades
Daniel é o porta-voz da Sociedade de Albinismo do Quénia. Ele explica o quão importante é para os albinos ter um emprego normal para se sentirem parte da sociedade. "Na Tanzânia e em outros países vizinhos, pessoas são mortas. Aqui os albinos não estão a ser mortos, mas são discriminados em termos de emprego. Sentimos que não temos chances, oportunidades".
O sustento da família
"Foi difícil conseguir um emprego. Algumas pessoas não me aceitaram, pensavam que eu não podia fazer o trabalho. Fui a muitos lugares e nada encontrei. Este negócio me permite cuidar da minha família e comprar o pão de cada dia. Até consegui comprar uma casa em Kibera com ajuda de uma hipoteca".
Consciência e aceitação estão a crescer
Francis vive em Makadara, no leste de Nairobi. Ele também tem uma pequena loja, que vende ovos, pão e açúcar. Ele acredita que a sua sorte mudou quando passou a se aceitar. Na loja, ele também oferece o serviço de transferência de dinheiro e o seu negócio está a crescer. "Meus clientes aceitam-me, eles vêm e deixam o seu dinheiro aqui na loja". Esta aceitação significa muito para Francis.
"No Quénia estamos a salvo"
Francis diz que nunca se sentiu discriminado no Quénia. Mas Daniel, da Sociedade de Albinismo do Quénia, lembra que não faz muito tempo, quando ele ainda era criança, o medo de ser sequestrado ou até mesmo assassinado era grande em outros países. Whycliffe, Francis e Daniel estão a mostrar que viver com albinismo não lhes torna diferentes dos demais.