Oposição critica legado de Nyusi em Moçambique
7 de agosto de 2024A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, principal partido da oposição) e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM, terceiro maior partido) consideraram hoje a Presidência de Filipe Nyusi como uma "governação muito má", deixando o país na "maior crise social".
"O Presidente da República sai pela porta dos fundos - era bom que tivesse saído pela porta grande -, fundamentalmente, porque teve uma governação muito má. É por isso que digo que ele sai pela porta pequena", disse o porta-voz da bancada parlamentar da Renamo, Arnaldo Chalaua, em declarações aos jornalistas.
Chalaua falava no final da informação anual do Presidente da República, Filipe Nyusi, sobre a Situação Geral da Nação, que prestou na Assembleia da República, em Maputo, ao longo de mais de três horas e meia.
O porta-voz da bancada parlamentar do principal partido da oposição declarou que o Governo de Filipe Nyusi não acabou com a fome e desnutrição crónica, criminalidade, principalmente raptos, e corrupção.
Durante os dois mandatos de Filipe Nyusi, o país registou um endividamento interno e externo insustentável e uma degradação dos serviços sociais básicos, como na saúde e educação, salientou.
"Isto mostra a incapacidade (...). Não podemos falar de progresso quando faltam medicamentos nos hospitais", enfatizou Arnaldo Chalaua.
A bancada do MDM considerou que o atual chefe de Estado vai deixar a liderança do país com "a maior crise social", com greves ou ameaças de paralisação laboral em setores como saúde, educação e justiça, e sem ter travado a onda de raptos que assolam as cidades do país.
"Mais uma vez, o Presidente da República descreveu um país imaginário. Moçambique vive uma maior crise social que a qualquer altura pode explodir", afirmou o porta-voz da bancada do terceiro maior partido, Fernando Bismarque.
Falha nas promessas
Bismarque afirmou que o Governo de Filipe Nyusi falhou na promessa de criação de três milhões de empregos, tendo, pelo contrário, o desemprego aumentado, com a covid-19 e com o abandono do país por empresários, devido à onda de raptos.
Por outro lado, o país está "mergulhado no tráfico de drogas e na corrupção", declarou Fernando Bismarque.
A pobreza, continuou, cresceu de forma exponencial.
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, apontou hoje a paz como uma das cinco principais conquistas nos seus dois mandatos, considerando que devolve aos moçambicanos um país "totalmente reconciliado".
"Com profunda emoção e sentimento de dever cumprido, entregamos o país totalmente reconciliado", declarou o chefe de Estado moçambicano, durante a apresentação, na Assembleia da República, do seu último informe anual sobre a Situação Geral da Nação.
Filipe Nyusi destacou a assinatura, em 06 de agosto de 2019, do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional com a Renamo, o terceiro entendimento e que visava encerrar, definitivamente, o conflito armado que opôs as partes por anos.
"Esta paz não é do Governo ou da Renamo [...] é de todos os moçambicanos", frisou o Presidente moçambicano.
O atual chefe de Estado vai deixar a liderança do país em janeiro, com a tomada de posse de um novo Presidente da República, na sequência das eleições gerais de 09 de outubro, nas quais Filipe Nyusi não vai concorrer por atingir o limite constitucional de dois mandatos.