Oposição angolana exige revisão do Orçamento de 2016
23 de fevereiro de 2016
O preço do petróleo afundou nos mercados internacionais e as receitas das exportações petrolíferas diminuíram. A crise económica instalou-se e está a atingir duramente os angolanos. Os preços dos alimentos sobem de dia para dia, mas os salários não aumentam. Os populares perguntam: se a situação já está tão má e ainda só estamos em fevereiro - como será o resto do ano?
Há quem ainda não tenha recebido o ordenado de janeiro - por exemplo, no setor da educação. "Os preços estão muito altos, os salários na função pública não sobem. Onde é que vamos chegar com isto?", questiona a professora Rosa Isabel. "Ou baixam os preços ou aumentam os salários dos funcionários", sugere.
Outra professora, Celestina Carlos, diz que é urgente que o Governo tome medidas. Como aumentar os salários, "porque o custo de vida cá em Angola está mesmo difícil". Sugere também a criação de mais emprego e a aposta "numa outra coisa, talvez na agricultura".
Amelia Judith Ernesto, secretária provincial da União Nacional Para a Independência Total de Angola (UNITA) na Huíla, no sul do país, advoga que tem de ser reavaliado o Orçamento Geral do Estado de 2016 por não condizer com as necessidades atuais dos angolanos. "Terá de ser ajustado", sublinha, lembrando que o kwanza perdeu praticamente a sua validade."
Apoio à produção nacional
Para sair da situação em que Angola está atualmente mergulhada, a UNITA, através do economista Fernando Heitor, sugere, por exemplo, que se apoie mais os produtores nacionais, "para que a produção interna não fique mais cara que os produtos importados invalidada por estar na qualidade dos produtos nacionais".
Já o secretário provincial da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE) no Namibe, Sampaio Mucanda, diz que, caso não seja revisto, o orçamento atual há-de provocar caos no seio das populações. "O Orçamento Geral do Estado já não se adequa", afirma. "Se o Governo não permitir a sua revisão, vamos atravessar outros problemas e não haverá valores suficientes para alocar para as instituições serem funcionais".
A DW África tentou, sem sucesso, ouvir o Ministério das Finanças de Angola. Recentemente, o ministro Armando Manuel advogou ser prematuro falar da revisão do Orçamento de Estado de 2016.