OMS mais preparada para fazer frente ao ébola na RDC
18 de outubro de 2018A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem em curso na República Democrática do Congo (RDC) um conjunto de ações para travar a propagação do vírus. O que não é suficiente na opinião de alguns que têm criticado a ação vagarosa da organização no combate à epidemia, tal como aconteceu em 2014.
Matshidiso Moeti, diretora regional da OMS para África, garante que desde essa data, foram feitos progressos. "Primeiro, reformámos o nosso sistema de emergência. E depois recebemos também um fundo de reserva que nos ajuda a fazer com que o s nossos médicos consigam chegar em 24 horas aos países afetados, iniciando mais rapidamente os trabalhos de investigação em conjunto com os ministérios de saúde, o que faz uma grande diferença", explica.
O facto de Kivu do Norte ser uma região de conflito, com grupos rebeldes ativos, tem dificultado o combate à epidemia. Só na última semana, duplicaram os casos de contaminação na cidade de Beni. Um aumento que ficou a dever-se a um ataque do grupo armado rebelde Frente Democrática Aliada, que fez vários mortos e obrigou à suspensão dos trabalhos da OMS por alguns dias.
Para além da insegurança, as crenças locais e a desconfiança da população em relação às recomendações da OMS também não têm ajudado, lembra Matshidiso Moeti. "As dificuldades na prevenção do contágio estão relacionadas com as práticas tradicionais e com a forma como a população encara as doenças. Temos pedido às pessoas para que ajam de maneira diferente, mas é difícil porque algumas delas não confiam nas nossas recomendações", diz.
Angola preparada para epidemia
O primeiro surto de ébola na RDC foi registado em 1976. Depois disso, já se repetiu dez vezes. Segundo Matshidiso Moeti, a OMS tem estado a trabalhar com os países vizinhos, nomeadamente, Uganda, Ruanda e Burundi, para que estejam preparados em caso de contaminação.
Angola também já adotou medidas de prevenção. De acordo com a Direção Nacional da Saúde Pública, está já em marcha um "plano estratégico" nos postos fronteiriços com o objetivo de monitorizar possíveis casos.
"Temos já um plano estratégico multissectorial e já adquirimos equipamento de segurança, de biossegurança. Todos os postos fronteiriços, não só com a RDC, mas com outros países, estão preparados com todo o equipamento de biossegurança, para de facto haver uma monitorização dos doentes", explica Helga Freitas, assessora da Direção Nacional da Saúde Pública angolana.
Segundo a responsável, também já estão formadas equipas, com o apoio da OMS, e o país está preparado "tanto com formação dos técnicos da saúde como dos próprios profissionais das fronteiras".