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PolíticaSão Tomé e Príncipe

STP: Olinda Beja pede mais investimentos ao novo Governo

19 de novembro de 2022

A escritora Olinda Beja quer que o novo Governo de São Tomé e Príncipe, liderado por Patrice Trovoada, invista mais na educação e saúde. "São os dois pilares para que um povo viva com dignidade", defende a poetisa.

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Foto: João Carlos/DW

Em entrevista à DW, em Lisboa, durante o lançamento do seu mais novo livro, "Chão de Canela", na sexta-feira (18.11), a escritora são-tomense Olinda Beja pediu ao novo Executivo de São Tomé e Príncipe que não fique apenas pelas promessas eleitorais e dê particular atenção às crianças e aos jovens.

"Seja qual for o Governo em exercício, é preciso investir sempre na educação e na saúde", diz.

A escritora, poetisa e contadora de histórias são-tomense explica: "Porque estes são os dois pilares essenciais para que um povo viva com dignidade. Se ele tiver educação e se ele tiver saúde, ele forma uma sociedade culta e saudável".

Governos "atentos ao povo"

São pilares fundamentais do conhecimento dos vários Governos da República desde a independência em 1975, lembra Olinda Beja, apesar da atual conjuntura difícil a nível mundial. 

São Tomé und Príncipe Premier Patrice Trovoada
Novo Governo são-tomense liderado por Patrice Trovoada tomou posse a 14 de novembroFoto: Ramusel Graça/DW

"É preciso é que os Governos cumpram isso, mas é preciso que estejam atentos ao povo, às dificuldades que o povo passa, as aflições do dia a dia", afirma.

Sem culpar nenhum executivo, Olinda Beja diz que "há muito para fazer". Espera unicamente que a nova governação seja exemplar e cumpra as promessas que fez durante a campanha eleitoral. 

"Sou amante do meu povo. Gostava de ver o meu povo feliz. Gostava de ver o meu povo a viver com dignidade, ter-se ao menos o essencial para se viver de cabeça erguida e não passar, como se tem passado todos estes anos, de mãos estendidas à caridade. São Tomé e Príncipe continua a andar de mão estendida e isso é que é uma vergonha", lamenta a escritora.

Maior atenção às crianças

Olinda Beja exorta os governantes a prestarem atenção às crianças e aos jovens, que serão o futuro do país. 

Ela diz que a sua expetativa em relação à nova governação é "exatamente" a que tem tido "em relação a todas as outras governações". "Vamos ver se, na realidade, esta nova governação cumpre aquilo que prometeu", pontua. 

Novo livro

Olinda Beja lançou a 18 de novembro em Lisboa "Chão de Canela", um livro de contos que assinala os 30 anos da sua carreira literária. "A História”, segundo a autora, "dá a mão a variados países onde se utiliza esta especiaria".

Ela explica que "a canela é o fio condutor de todos os países onde a língua portuguesa se mantém como língua oficial". "Os leitores vão perceber que quase todas as histórias preservam os valores culturais e tradicionais de São Tomé e Príncipe", diz.

Portugal Schriftstellerin Olinda Beja aus Sao Tome
Nova obra de Olinda Beja lançada em LisboaFoto: João Carlos/DW

Falta apoio das autoridades

Olinda Beja corre o mundo com a sua obra a falar das Ilhas e, neste contexto, tem assumido o papel de Embaixadora da Cultura Santomense. No entanto, reclama não ter o apoio que merecia por parte das autoridades do país dizendo que "São Tomé e Príncipe pouco ou nada tem feito".

"Só espero que o meu país deite a mão à cultura. Porque um povo sem cultura é um povo sem alma. Portanto, espero que São Tomé e Príncipe se lembre que, na diáspora, há quem esteja a trabalhar para que São Tomé e Príncipe seja conhecido", afirma.

No final da entrevista, Olinda Beja deixa uma promessa: "Eu prometo que continuarei a escrever e a levar São Tomé e Príncipe pelo mundo enquanto o coração deixar".

A escritora são-tomense radicada em Portugal recebeu, em São Tomé e Príncipe, o Prémio Literário Francisco José Tenreiro 2012-2013. Desde 1992, percorreu já 14 países, entre os quais Brasil, Austrália, Timor-Leste, Marrocos, França, Espanha, Suíça, Inglaterra, Luxemburgo e Cabo Verde. Tem igualmente trabalhos publicados nas universidades de Berlim e de Frankfurt (Alemanha) sobre a língua materna de São Tomé, um dos projetos que tem em mãos para os próximos tempos.

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