O que marcou o ano de 2018?
28 de dezembro de 2018Uma nova era política em Angola, após eleições históricas. Eleições autárquicas em Moçambique a anteceder eleições gerais no próximo ano e um escrutínio adiado na Guiné-Bissau. São estes os temas do ano para vários ouvintes e internautas que acompanham a DW África.
"Eu acho que Angola está num bom momento político", afirma Pedro Lima. Este habitante de Luanda olha com bons olhos para a "cruzada contra a corrupção" anunciada pelo Presidente João Lourenço.
"Nós, angolanos, já andamos à espera há muito tempo. Estou a ver na governação do novo Presidente João Lourenço, que, efetivamente, Angola está a fazer alguma coisa que antes não acontecia. Havia muita violação dos direitos humanos. Não que agora não haja, mas já não é como antes, e o combate à corrupção é, para mim, uma boa medida."
João Lourenço, o "exonerador implacável"
João Lourenço sucedeu no final do ano passado a José Eduardo dos Santos, que dirigiu Angola durante 38 anos.
Em um ano de mandato, Lourenço afastou governantes, chefias militares e gestores de empresas públicas. Isabel dos Santos e José Filomeno dos Santos, filhos do antigo Presidente angolano, foram dois dos visados. "Zenú" foi colocado entretanto em prisão preventiva, acusado de envolvimento numa transferência ilícita de 500 milhões de dólares.
Outras altas figuras angolanas foram detidas. O ex-ministro dos Transportes Augusto Tomás, por exemplo, foi detido por alegado envolvimento no desvio de fundos do Conselho Nacional de Carregadores.
Daniel Mungula, da província angolana do Uíge, sublinha que o combate à corrupção não é só tarefa do Presidente: "Com o esforço de todos - de instituições como a Procuradoria-Geral da República, da sociedade civil, das organizações governamentais e não-governamentais - vamos reduzir este problema que afeta os direitos básicos dos cidadãos."
Moçambique: Eleições autárquicas antes de gerais
2018 foi ano de eleições autárquicas em Moçambique, um dos eventos políticos do ano para muitos dos moçambicanos que acompanham a DW África.
Este escrutínio marcou o regresso da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) às autarquias, com uma nova lei eleitoral em vigor. O maior partido da oposição no país venceu em oito dos 53 municípios.
Agora, a grande expetativa é em relação às eleições gerais, marcadas para 15 de outubro de 2019.
"Quando chegar este processo de eleições, quero apelar a todos os moçambicanos para irem em massa às mesas de voto", pede Samuel José Aníbal, a partir da Beira.
Transparência e paz
Zacarias Felipe Chicuio, outro morador da Beira, pede transparência nas próximas eleições. "Por exemplo, que a Comissão Nacional de Eleições mude, para que o voto funcione, para que [as eleições] não seja[m] somente algo em que o cidadão participe, mas em que também decida."
"Eu vejo que o meu voto não funciona", conclui.
Álvaro dos Santos, de Maputo, diz que as eleições autárquicas deste ano serviram de teste, para saber se Moçambique está preparado para a votação de 2019. A menos de um ano de novas eleições, apela à paz no país.
"Nós, neste país, não gostaríamos de ter mais conflitos. Temos instabilidade em Cabo Delgado, e apesar de que não haver muita informação sobre o que está a acontecer, os nossos cidadãos também estão a morrer. Então, gostaríamos que este processo pudesse andar de boa forma, de forma democrática, para que todos fiquemos felizes."
Mudanças?
Quem também está à espera de eleições são os cidadãos guineenses. As legislativas estiveram previstas para este ano, mas foram adiadas para 10 de março de 2019.
Por isso, Lafu Baldé, de Bissau, encara o próximo ano com expetativa: "2019 é ano de eleições, é bom que essas eleições sirvam para nós. 2019 deve ser um ano de justiça, um ano de emprego para nós, jovens, e um ano de desenvolvimento. Eu espero que 2019 seja um ano de uma mudança, um ano de felicidade."
Em Angola, as últimas eleições trouxeram mudanças. E é isso que também esperam os ouvintes e internautas com quem falámos e que nos seguem em Moçambique e na Guiné-Bissau.