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O milagre económico da castanha de caju

Elke Maywald/ Guilherme Correia da Silva6 de novembro de 2015

O Presidente Alassane Outtara, que tomou posse esta semana (03.11) para um segundo mandato, presidiu a um enorme crescimento económico nos últimos anos. Mas será que todos estão a beneficiar do "boom" económico?

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Foto: DW/Scholz/Kriesch

Lassina Kamagate está a aparar árvores e a arrancar ervas daninhas como método de preparação para a próxima colheita. A época passada não podia ter sido melhor – diz Lassina Kamagate. O agricultor, pai de sete filhos, espera que, este ano, a produção de caju seja ainda melhor.

"No ano passado, os preços duplicaram. Estão constantemente a subir. É um bom negócio. Os preços e a produção aumentaram bastante. Com o passar dos anos, os cajueiros conseguem suportar cada vez mais frutos."

Kamagate fundou uma cooperativa com outros agricultores na localidade de Tiénigboué, no coração da Costa do Marfim. A empresa Olam é o maior cliente da cooperativa. E é também o maior exportador de castanha de caju do país. Segundo Daouda Diomande, um dos responsáveis da Olam: "A concorrência é cada vez maior. O negócio floresce e, por isso, a concorrência aumenta. Mas a nossa relação com os agricultores não é só de negócio, é uma parceria. Fora da época, também os apoiamos e damos formação."

A castanha de caju é processada na cidade de Bouaké: só aqui, são processadas 90 toneladas por dia, o dobro de há três anos atrás. Nos últimos anos, a Costa do Marfim tornou-se um dos maiores produtores do mundo. E não obstante a crise que estalou depois as eleições de 2010, a multinacional agrícola Olam investiu milhões no país e criou cerca de 2.000 empregos.

Elfenbeinküste Präsidentschaftswahl Alassane Ouattara
O Presidente Alassane Ouattara é parcialmente creditado com o "boom" económico do seu paísFoto: Getty Images/AFP/S. Kambou

"Boom" económico

Mas o negócio do caju é apenas um exemplo do "boom" económico na Costa do Marfim. O Presidente Alassane Ouattara convenceu os investidores estrangeiros a apostar no país e a construir infraestruturas. Isto, apesar de a Costa do Marfim ter vivido momentos de grande instabilidade durante a crise de 2010-2011, quando o ex-Presidente Laurent Gbagbo recusou aceitar a vitória de Ouattara. Mais de 3.000 pessoas morreram em confrontos pós-eleitorais.

Especificamente nos últimos três anos, a economia cresceu entre sete e dez por cento - e os investidores continuam a aparecer. O mercado para leite de castanhas-caju - um substitudo do leite animal - está a crescer rapidamente nos EUA e na Europa. Mas apesar das muitas melhorias, o chefe da Fundação alemã Friedrich-Ebert na Costa do Marfim, Martin Johr, diz que o governo deve ter cuidado.

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"Uma das tarefas principais do Governo será, certamente, garantir que este é um crescimento económico inclusivo - assegurar que os trabalhadores precários ou os desempregados não ficam de fora. Não é isso que tem acontecido nos últimos 3 a 4 anos. E isso põe em perigo a estabilidade social."

Na cooperativa em Tiénigboué ninguém está particularmente preocupado com a estabilidade social. Na colheita passada, o agricultor Lassina Kamagate ganhou mais de 1800 euros - só com caju e no espaço de três meses. Isto, num país onde quase metade da população recebe menos de 250 euros por ano.