O Hotel Chuabo de Quelimane: uma surpresa
Na cidade de Quelimane, na província central da Zambézia, o Hotel Chuabo é uma referência histórica. Desenhado por arquitetos portugueses, o edifício de betão preserva um design único dos anos sessenta.
Fachada do Hotel Chuabo
No centro da cidade de Quelimane, em Moçambique, há poucos edifícios com mais de dois andares. Um deles é o Hotel Chuabo. A construção do edifício, um projeto da empresa portuguesa Monteiro&Giro, iniciou-se em 1954 e a inauguração teve lugar em 1966. Se a fachada de betão é pouco apelativa, no interior o visitante é surpreendido com o design único dos anos sessenta.
Um restaurante para todos
O interior de madeira escura é o original, o usado na época da construção. No piso superior do Hotel Chuabo situa-se o restaurante "Grill". Hoje, independentemente da cor da pele ou da origem, todos são ali servidos. Mas nem sempre foi assim. Durante a época colonial apenas o brancos ou os "assimilados" (negros considerados "equivalentes" aos europeus) podiam frequentar o "Grill".
Olímpio, o empregado leal
Manteve-se fiel ao Hotel Chuabo desde a inauguração. Olímpio já serviu políticos e personalidades africanas e internacionais com elevados cargos. Kenneth Kaunda da Zâmbia, Robert Mugabe do Zimbabué ou a rainha de Inglaterra foram alguns dos ilustres que serviu. "Não deves ter medo!", diz Olímpio.
Discoteca Malagangatana
Ao lado do restaurante "Grill" fica a discoteca Malangatana. Há muito que aqui não passa música, mas as paredes continuam a ostentar obras de pintores moçambicanos. O Hotel Chuabo foi desenhado pelos arquitectos portugueses Arménio Losa (1908-1988) e Cassiano Barbosa (1911-1998). E tem a curiosidade de ser o único edifício em Moçambique, da época, a ter persianas.
Escada em caracol
Do restaurante "Grill" parte uma escada em caracol que desce ao longo de vários andares. Também ela espelha o espírito dos anos 60. Quem não conseguir descer escadas pode apanhar o elevador, supostamente o único que funciona em toda a província da Zambézia.
Um quarto com charme
Depois da independência, em 1975, os 160 quartos do Hotel foram ocupados por militares e funcionários políticos da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique). Até 2005, o Hotel Chuabo foi gerido pela portuguesa Dona Amália. A sua gestão era feita com "mão de ferro".
Dormir aqui sai caro
Atualmente, o Hotel Chuabo é gerido pelo Instituto Superior Politécnico e Universitário (ISPU) e serve para a formação de estudantes de turismo. O hotel não é barato. Quem quiser passar a noite nele terá de desembolsar 2500 Meticais (85 Euros).
Ar condicionado é só decoração
Nem tudo o que parece é e nem todos os interruptores funcionam no Hotel Chuabo. Quem rode o botão "Temperature Control" esperará em vão que o ar condicionado se ligue. O velho ar condicionado foi há algum tempo substituído por um novo.
Lavandaria do Hotel
A lavandaria do Hotel Chuabo situa-se no segundo andar. Dez empregados encarregam-se da limpeza da roupa de cama, toalhas e uniformes. A maioria das máquinas de lavar ainda é dos anos sessenta e precisam de ser travadas manualmente. Mas já existem também duas máquinas novas e a compra de outras está planeada.
Cozinhar é preciso
Na cozinha do restaurante "Grill" trabalham quatro cozinheiros. Recebem mensalmente 3500 meticais (120 euros). Valor que é cerca de um terço acima do ordenado mínimo moçambicano. O prato mais famoso do restaurante é o "Frango à Zambéziana" (frango assado no churrrasco coberto com leite de coco).
Os anos parecem não passar pelo candeeiro
Quando perguntam ao senhor Olímpio porque é que o Hotel Chuabo está em tão bom estado de conservação, a resposta sai pronta: "aprendemos com os portugueses a ter cuidado com as coisas".
Coco Bar
No piso térreo situa-se o "Coco Bar" com capacidade para mais de duzentas pessoas. O ambiente é semelhante ao do restante Hotel.