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O dilema da televisão digital em África

Sandner, Philipp / Guilherme Correia da Silva17 de março de 2015

A ONU deu até junho para se fazer a migração da televisão analógica para a digital. Mas só alguns países africanos estão preparados para a mudança. Mesmo os mercados de televisão mais desenvolvidos estão atrasados.

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Sierra Leone - Brunnen und TV
Foto: picture alliance/ZB/Schulze

Muitos países africanos – incluindo Moçambique, São Tomé e Cabo Verde – têm até 17 de Junho para passar a transmitir os programas de televisão apenas em sinal digital. Teoricamente, será possível receber em casa mais canais e ter melhor qualidade de imagem.

Mas o especialista em tecnologia Mike Jensen, da África do Sul, diz que só uma mão cheia de países deverá conseguir cumprir a meta de Junho de 2015. "Mesmo países com grandes indústrias de média não conseguirão atingir a meta: a Nigéria, a África do Sul ou o Quénia".

Angola, por exemplo, já anunciou que só deverá fazer a transição em Junho de 2017 – dois anos depois da data limite fixada internacionalmente.

Analógico para digital uma mudança cara

A mudança para o digital sai cara, não só para os governos como também para os cidadãos.

Muitos espectadores precisarão de um aparelho para descodificar o sinal digital. Que custa em média 50 dólares… Além disso, as estações de televisão também têm de abrir os cordões à bolsa para poder transmitir os programas usando a nova tecnologia.A Tanzânia já mudou para a televisão digital, no final de 2012. Vera Moses, uma espetadora tanzaniana, diz que a transição não foi assim tão má. "A qualidade da imagem é melhor. Muita gente ficou contente."

Dar es Salaam Afrika Partnerstadt Hamburg Deutschland
Dar-es-Salam, capital da Tanzânia e cidade geminada com Hamburgo na AlemanhaFoto: Getty Images/AFP/Daniel Hayduk

Méritos do novo sistema

Segundo John Nkoma, o director da Autoridade Reguladora das Comunicações da Tanzânia, foi preciso convencer as pessoas dos méritos do novo sistema. Mas não só. Reduziu-se o preço dos descodificadores, taxando-os menos. Os aparelhos passaram a custar 30 dólares em vez de 50. Olhou-se também para os hábitos dos espectadores: "Decidimos que os cinco canais mais populares do país estariam disponíveis de graça na plataforma digital."

Mas essa não é a história toda, diz Mike Jensen. O especialista em tecnologia conta que na Tanzânia, tal como no Ruanda, a transição digital foi forçada. Cortou-se simplesmente o sinal analógico. Muitas pessoas não puderam comprar os equipamentos necessários para ver televisão e, de um dia para o outro, passaram a ouvir apenas ruídos nos televisores.Jensen diz que os governos deviam garantir uma compensação realista para os custos da transição.


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