O chamado “Rei Cobra” vence a eleição presidencial na Zâmbia
23 de setembro de 2011A Comissão Eleitoral da Zâmbia anunciou que Sata obteve 43 por cento dos votos, contra 36 por cento de Rupiah Banda.
Conhecido como "Rei Cobra" pela sua retórica anti-chinesa e "venenosa linguagem" contra os interesses estrangeiros nas minas da Zâmbia, Sata, de 74 anos, sucede a Banda, no poder desde as presidenciais intercalares de 2008.
Durante a semana e antes de serem conhecidos os resultados do escrutínio, alguns jornais alemães concentraram-se principalmente nas relações entre a Zâmbia e a China.
Frankfurter Allgemeine Zeitung
O Frankfurter Allgemeine Zeitung, num longo artigo intitulado "A China, a Zâmbia e o cobre" escreveu que “na verdade a República Popular é um dos maiores investidores estrangeiros na Zâmbia. O volume das trocas entre os dois países atingiu 100 milhões de dólares”.
A influência da China no continente africano não é tão grande como na Zâmbia e “nenhum outro país em África abriu de forma tão generosa as suas portas a Pequim”, acrescentou o quotidiano. “Enquanto em 2008, durante a anterior eleição, Michael Sata, opositor de longa data, utilizou uma retórica anti-chinesa, desta vez aprendeu a lição: muitos postos de trabalho na Zâmbia dependem dos investimentos oriundos do extremo-oriente”, concluiu o FAZ.
Die Tageszeitung
“O chamado "Rei Cobra", mudou a sua linguagem”, destacou por seu turno o Tageszeitung. “Este ano, também Michael Sata defendeu com unhas e dentes a cooperação com os investidores chineses. Investidores que terão um certo peso no crescente descontentamento no seio da população zambiana, sublinha o quotidiano.
Este mal estar deve-se ao pagamento de salários pelas empresas chinesas abaixo do mínimo estipulado pela lei. Quanto às condições de trabalho, em caso algum refletem os "standards" internacionais. Mas negócios são negócios e apesar das greves e de motins com uma certa frequência, o comércio entre os dois países é florescente”, conclui o jornal.
A situação na Líbia continuou na semana que termina a mobilizar a atenção dos grandes quotidianos alemães, principalmente depois da reunião dos amigos da Líbia que teve lugar na terça-feira à margem da Assembléia-Geral das Naçõs Unidas.
O Frankfurter Allegemeine Zeitung, escreveu que “se o presidente francês, Nicolas Sarkozy, teve recentemente o seu momento de glória, em Benghazi, desta vez foi o seu homólogo norte-americano, Barack Obama, que mobilizou a atenção do mundo ao fazer um discurso solene, no qual agradeceu a Liga Árabe e os aliados europeus dos Estados Unidos que tiveram a coragem de intervir para impedir uma série de horrores: Grã Bretanha, França, Dinamarca e Noruega”.
Süddeutsche Zeitung
E, a Alemanha em tudo isso? “Desapareceu dos radares e isso era previsível”, considera o jornal de Frankfurt: “Berlim recusou participar na intervenção militar na Líbia e agora paga pela sua decisão”. “É verdade que Barack Obama assegurou à chanceler alemã Angela Merkel que ele não ficou aborrecido”, recorda o Süddeutsche Zeitung.
Contudo, “isso não impede que quando a questão da Líbia é tema da atualidade, as pessoas tenham a impressão que os alemães não ficam muito orgulhosos da sua abstenção”, conclui o Süddeutsche Zeitung.
Autor: António Rocha
Edição: Nádia Issufo