"Não sabia ler, escrever, nem desenhar. Agora sei"
9 de setembro de 2024Assinalou-se, este domingo, dia 8 de setembro, o Dia Mundial da Alfabetização. Em Moçambique, a taxa de analfabetismo em adultos tem vindo a diminuir. Dados do Movimento de Advocacia, Sensibilização de Recursos e Mobilização para Alfabetização (MASMA) indicam que a taxa de analfabetismo no país baixou dos 31,2% para os 28,9% nos últimos cinco anos (2020-2024).
Na província de Manica, centro de Moçambique, o programa de Alfabetização e Educação de Adultos está a ter um impacto positivo, tendo cada vez mais adesão.
Nércia Matsinhe é uma das beneficiárias desta iniciativa, estando a estudar na Escola Primária da Vila Nova, na cidade de Chimoio. À DW conta que, quando começou a frequentar o curso "não sabia ler, escrever, nem desenhar" e que não foi fácil ambientar-se por ser mais velha.
Nércia diz que sofreu "bullying", mas que não se arrepende. "Agora sei desenhar, ler e escrever. Só me sentia mal por ser adulta. Se eu chegar [a concluir] a 10ª classe, o meu sonho é ser polícia. Sei que vou conseguir", afirma.
Zinho Alone também começou a estudar em idade adulta. Hoje já sabe ler e escrever. Ele considera que nunca é tarde para estudar e encoraja outros jovens a apostarem na sua educação e formação para estarem aptos a enfrentarem os desafios impostos pelo país e o mundo.
"Os meus pais mudavam tanto de casa que eu não consegui estudar. O meu tio trouxe-me e matriculou-me aqui. Eu tinha medo de me levantar e falar com pessoas, ir ao quadro, fazer cálculos, mas agora já não tenho", conta.
"Índice tem tendência a baixar"
Para o presente ano letivo, estão inscritos no programa de Alfabetização e Educação de Adultos, em Manica, 14.856 alunos, dos quais 11.082 são mulheres. Serão assistidos por 340 alfabetizadores, distribuídos por 390 centros de alfabetização entre alpendres, casas de culto e salas de aula modernas.
Ivânia Magazique, chefe do Departamento da Direção Pedagógica, Gestão e Garantia de Qualidade e porta-voz do setor de educação em Manica, afirma que este é um programa que tem estado a contribuir significativamente para a redução do índice de analfabetismo na região e no país.
"O índice tem tendência a baixar e temos muitos alfabetizados que já sabem ler e escrever. Ano após ano, vamos notando que muitos estão a aderir aos programas de alfabetização e, aos poucos, vamos aumentando a taxa de pessoas alfabetizadas", afirma Ivânia Magazique.