Cerimónias fúnebres de N'zau Puna este sábado em Cabinda
23 de julho de 2022A morte do nacionalista Miguel Maria N'zau Puna continua a ser sentida em Angola. O nacionalista e deputado à Assembleia Nacional desde 2008 pela bancada do MPLA morreu a 17 de julho, na Clínica Girassol, em Luanda, vítima de doença, aos 90 anos de idade.
O partido no poder mostrou-se consternado. Numa mensagem de condolências assinada pelo presidente do grupo parlamentar do MPLA, Virgílio de Fontes Pereira, é enaltecida a figura do destacado nacionalista que, desde muito cedo, abraçou a causa da liberdade do povo angolano.
O político Dino Matross, do partido no poder, descreve Puna como um destemido filho de Cabinda, mas que nunca defendeu a independência do enclave: "Apesar de ser Cabinda, ele sempre pensou que Cabinda é a parte de Angola como qualquer outra província e, em momento algum, defendeu a separação dela do resto do país", referiu.
Em junho de 2019, N'Zau Puna publicou a sua autobiografia intitulada "Mal me Querem", considerada um contributo essencial para compreender os últimos 50 anos de história de Angola.
O padre e ativista de Cabinda Raul Taty, autor do prefácio do livro, destaca este legado: "É uma grande perda como homem e como político, pois teve percurso interessante que estão bem estampados na sua obra 'Mal Me Querem' que é uma espécie de memória, que vão servir até para essa nova geração".
N'Zau Puna combateu desde o primeiro momento pela independência de Angola, nas fileiras da UNITA, partido no qual foi secretário-geral. Esteve presente nos acordos entre o MPLA e a UNITA em 1974, chefiando a delegação de transição, e participou nos acordos de Bicesse. Abandonaria a UNITA em 1992.
José Manuel, secretário-geral adjunto do maior partido da oposição angolana em Cabinda, considera que, apesar de ter ingressado no MPLA, Puna é considerado um veterano da UNITA, onde deu tudo de si pelo país.
"Foi um dos co-fundadores do partido UNITA, passou grande parte da sua juventude nela e ocupou cargos de grande relevância, e chegou mesmo a ser o terceiro homem do partido. O seu desaparecimento físico deixa um vazio", considera.
De acordo com o programa das exéquias, os restos mortais de Nzau Puna chegaram na tarde de sexta-feira à província de Cabinda, sua terra natal. Logo à chegada, houve um cortejo fúnebre até à aldeia do Tchizo para o ritual tradicional, seguindo posteriormente para a sua residência no Buco Ngoio.
Para este sábado (23.07) estão marcadas homenagens e mensagens de algumas entidades, seguindo-se a missa de corpo presente. N'Zau Puna será depois sepultado no cemitério do Mbuco Mbuadi.