"Novos horizontes a cintilar", diz Nyusi sobre Coral Sul
15 de novembro de 2021O Presidente moçambicano Filipe Nyusi disse esta segunda-feira (15.11) que "novos horizontes de desenvolvimento começam a cintilar" com o arranque da exploração de gás da bacia do Rovuma, ao largo de Cabo Delgado, confiante na pacificação da província.
Nyusi discursava na Coreia do Sul durante a cerimónia de lançamento ao mar, rumo a Moçambique, da plataforma flutuante Coral Sul, a primeira a explorar a partir de 2022 as reservas em alto mar, no norte do país, classificadas entre as maiores descobertas de gás do mundo.
Para o presidente moçambicano, o dia corresponde ao "concretizar de sonhos coletivos" de um país que "de pequeno produtor" caminha para ser um "produtor relevante de gás natural liquefeito a nível mundial".
Filipe Nyusi foi felicitado pelo Presidente coreano, Moon Jae-in, que participou na cerimónia desta segunda-feira (15.11), incluindo no corte de uma amarra simbólica da plataforma no cais da divisão industrial da Samsung em Geoje, onde foi construída.
"Avanços contra o terrorismo"
Perante a plateia e todos os parceiros da Área 4 de exploração de Moçambique, nomeadamente a petrolífera italiana Eni, que lidera o projeto Coral Sul, Nyusi prometeu "tudo fazer para remover o último obstáculo", até ser restaurada "completamente a segurança e tranquilidade", numa alusão à insurgência armada em Cabo Delgado.
Dizendo estar ciente de que "a paz e segurança" são fundamentais para que haja investimento, referiu que "há avanços assinaláveis nas ações contra o terrorismo na província".
Uma crescente segurança que "encoraja os investidores da Área 1, liderados pela Totalenergies, a equacionarem a retoma dos investimentos" em terra, no distrito de Palma, suspensos em março devido a ataques armados de rebeldes.
O Presidente moçambicano disse que há contactos em curso com as concessionárias para definir "os momentos certos" para a retoma da construção da fábrica de liquefação de gás na península de Afungi, mas sem compromissos em relação a datas.
Se o investimento em terra tem sofrido com a insurgência, no projeto Coral Sul, a cerca de 50 quilómetros em mar alto, a insegurança "não tem tido qualquer impacto material", referiu hoje a Eni, num nota enviada à agência Lusa.
A nível estratégico, Filipe Nyusi defende o desenvolvimento das reservas de gás natural do Rovuma como resposta à mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, uma vez que se trata de um combustível fóssil com menos emissões de carbono, e por essa via contribuir ao mesmo tempo para a industrialização do país e acesso universal à eletricidade.
Por entre fogo de artifício e música festiva - com Moçambique representado pelo saxofonista Moreira Chonguiça para interpretar o hino nacional - a plataforma foi ainda batizada pela primeira-dama moçambicana, Isaura Nyusi, recebendo o mesmo nome do projeto, Coral Sul, numa alusão às reservas de gás que vai explorar.
Após a cerimónia, a infraestrutura flutuante solta amarras do cais de Geoje na terça-feira para ser conduzida por três rebocadores durante 60 dias, através do oceano Índico, até chegar ao ponto de ancoragem ao largo de Moçambique.
Preparativos técnicos
Seguem-se preparativos técnicos, como a fixação a 50 quilómetros da costa da província de Cabo Delgado através de 20 amarras fixadas no fundo do mar (a dois mil metros de profundidade), bem como a ligação aos seis poços já perfurados.
O gás vai subir através das tubagens para a fábrica a bordo que vai transformá-lo em líquido e armazená-lo para a primeira exportação acontecer no segundo semestre de 2022 - data apontada hoje pela Eni, apesar de Claudio Descalzi, diretor executivo da petrolífera, admitir que tal possa acontecer ainda até junho.
Até final do próximo ano a produção vai aumentar gradualmente até chegar ao ritmo de cruzeiro, com a exportação de 3,4 milhões de toneladas por ano, vendidas à BP por 20 anos, com possibilidade de extensão por mais 10.
A Área 4 é operada pela Mozambique Rovuma Venture (MRV), uma 'joint venture' em co-propriedade da ExxonMobil, Eni e CNPC (China), que detém 70% de interesse participativo no contrato de concessão.
A Galp, KOGAS (Coreia do Sul) e a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (Moçambique) detém cada uma participações de 10%.