Nigéria enfrenta novo surto de febre de Lassa
12 de fevereiro de 2018O que é a febre de Lassa?
A febre de Lassa é uma doença hemorrágica viral, que afeta sobretudo os países da África Ocidental. Pertence ao mesmo grupo de doenças do ébola, partilhando também alguns sintomas como febre, gripe e vómitos. O vírus é passado às pessoas através do contacto com excrementos de animais ou alimentos contaminados.
É uma doença endémica na África Ocidental, onde são registados entre 300 mil a 500 mil casos por ano. Apesar do primeiro caso ter sido identificado na Nigéria em 1969, o combate ao vírus continua a ser um obstáculo.
Doença endémica
"A febre de Lassa é endémica no nosso país há muitos anos. O que mudou nos últimos dois anos foi a nossa capacidade para a detetar", explica em entrevista à DW África Chikwe Ihekweazu, responsável do Centro de Controlo de Doenças da Nigéria. "Melhorámos as infraestruturas de vigilância e os laboratórios e aumentámos a consciencialização das pessoas sobre a necessidade de usar os serviços de cuidados de saúde primários", acrescenta.
Ainda assim, a doença é responsável por várias mortes no país. Só em 2018, a febre de Lassa já tirou a vida a mais de 30 pessoas. Chikwe Ihekweazu alerta que, apesar de não ser tão fatal como o ébola, a febre de Lassa é "bastante grave" e por se registar apenas em alguns países, não lhe é dada a devida importância.
Atualmente, o medicamente disponível para o combate à doença no país não é o mais eficaz. Faltam recursos e mais apoio da comunidade internacional, sublinha Chikwe Ihekweazu.
"Os recursos e as instalações médicas são parte do problema. Mas não existe apenas um único problema nem uma única solução. Precisamos de aumentar a capacidade para o diagnóstico de Lassa. Neste momento, temos apenas três laboratórios na Nigéria, capazes de fazer esse diagnóstico".
Ensinar a prevenir
Nos últimos meses, o país tem vindo a intensificar os programas de educação junto da população e dos profissionais de saúde. Aos hospitais dos Estados afetados pelo vírus foram entregues materiais adequados para o tratamento das pessoas infetadas.
Agora, é hora de apostar mais na investigação para o desenvolvimento de uma vacina ou novos medicamentos, diz o especialista. "Sabemos que se nos protegermos a nós e aos nossos alimentos, dos excrementos dos ratos, podemos prevenir a infeção. Também sabemos que podemos desenvolver uma vacina, se nos focarmos nela", conclui Chikwe Ihekweazu.