Nigéria chefiará força regional de combate ao Boko Haram
12 de junho de 2015Os termos de lançamento da força militar multinacional ficaram decididos esta quinta-feira (11.06), num encontro que juntou na capital nigeriana, Abuja, os chefes de Estado e de Governo da Nigéria, Níger, Chade, Camarões e Benim.
As operações deverão ter início a 30 de julho. A nova força regional, que deveria ter estado operacional em novembro, ficará sediada na capital chadiana, N'Djamena, e substituirá a coligação da Nigéria, Níger, Chade e Camarões, que combate atualmente o grupo radical Boko Haram.
O novo Presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, rejeitou a hipótese de uma liderança rotativa de seis meses entre as cinco nações, afirmando que esse processo, a ser posto em prática, iria "minar a capacidade militar para sustentar os esforços contra os insurgentes". Segundo Buhari, um único líder da força conjunta irá "melhorar a eficácia da estratégia militar, uma vez que a Nigéria vai fornecer o maior número de tropas e o palco principal dos confrontos é o território nigeriano".
Líder único versus chefia rotativa
Em fevereiro, o Chade, o Níger e os Camarões iniciaram uma cooperação militar no nordeste da Nigéria e, nos últimos meses, têm conquistado sucessivas vitórias na luta contra o Boko Haram.
Yan Pierre, analista da luta anti-terrorista e diretor do grupo de consultoria MOSECON, considera que o sucesso destes esforços conjuntos trouxe prestígio aos restantes países, pelo que a insistência da Nigéria na liderança da coligação poderá criar conflitos.
"Se tivermos em conta que o Boko Haram começou na Nigéria e ainda é um problema maioritariamente nigeriano, este é, na verdade, um passo muito lógico. Mas as implicações políticas e de prestígio vão tornar esta questão mais complicada", afirma Pierre.
Durante o primeiro ano, os Camarões e o Chade ocuparão, respetivamente, os postos de vice-comandante e Chefe de Estado-Maior, no âmbito da força conjunta.
A determinação de Buhari
O novo Presidente da Nigéria, de 72 anos, estabeleceu o combate ao terrorismo como a máxima prioridade da sua presidência. Buhari disse que o país não se pouparia a esforços no combate ao Boko Haram. Depois da sua tomada de posse, a 29 de maio, o chefe de Estado transferiu o comando central militar de Abuja para Maiduguri, passando a funcionar nas proximidades do reduto controlado pelo grupo radical, no nordeste do país.
"Buhari tem de mostrar que o exército nigeriano é capaz de defender o país e os seus cidadãos", comenta o analista Yan Pierre. "A transferência do comando militar para Maiduguri e a realização desta reunião sobre a força multinacional mostram iniciativa da Nigéria. Mostram que o país está pronto para fazer o que for preciso e assumir o papel de liderança que devia ter sido seu desde o início."
A força militar conjunta internacional, apoiada pela União Africana, terá 8.700 elementos, sob o comando do major-general nigeriano Tukur Buratai.
Entretanto, na terça-feira (09.06), 43 pessoas morreram em ataques do Boko Haram em três aldeias do nordeste da Nigéria. Esta quinta-feira (11.06), três mulheres fizeram-se explodir perto de Maiduguri, num aparente atentado suicida fracassado.