Nigerianas conquistam redutos do mundo profissional masculino
25 de março de 2011Muitos nigerianos têm uma imagem negativa dos seus polícias, considerando-os corruptos e brutais. Hasin Gungu, ministro da Polícia no estado federado de Jigava, no norte, admite que, por esta razão, poucos jovens optam por uma carreira na polícia: „Quando comecei em 1984, alguns ficaram admirados por eu ter escolhido esta profissão. Mas pior ainda foi quando a polícia resolveu aceitar também mulheres. Hoje em dia porém as coisas começaram a mudar. Agora há muitos candidatos, porque se registou uma evolução positiva“.
Os problemas são artificiais
Segundo o ministro, só no seu estado há já 221 mulheres policias, ou seja um aumento de 50% em relação ao ano passado. Mas continua a haver problemas. Por exemplo, muitos pensam que as polícias não podem casar com quem desejam, porque o futuro marido é objeto dum inquérito prévio por parte dos responsáveis para evitar que elas casem com delinquentes. Salomi Bako, uma mulher policia, vê porém vantagens nesse sistema: „Não houve nenhum problema quando quis casar, porque eu respeitei os regulamentos. Se isso acontece, ninguém põe dificuldades”.
Algumas tarefas na polícia são reservadas aos homens, por exemplo, patrulhas noturnas ou serviço ao fim de semana. Em certas unidades, as mulheres policia não usam arma. Naomi Williams, uma mulher que já chegou a oficial, declara-se satisfeita: “Gosto muito de ser polícia porque as condições de trabalho se alteraram. Isso pode ver-se sobretudo nos ordenados, que são agora bastante melhores. A diferença é grande, e fomos nós que merecemos o aumento”.
As mulheres por vezes são melhor treinadas
Outras tarefas são reservadas às mulheres polícias, por exemplo quando é preciso revistar uma mulher suspeita ou mediar num conflito que envolva mulheres e crianças. Kasim Ramadam é imã numa mesquita no estado de Kano, no norte da Nigéria. Ele recorda que o Islão prega que as mulheres têm direitos iguais aos homens e podem exercer a profissão que mais lhes agradar: „O Islão não proíbe as mulheres de serem polícias. Se alguém for a tua casa, deve ser também muçulmano, ter a mesma cultura, falar a mesma língua e ter a mesma educação. Essa é a condição para que ambos se entendam. Por isso não há nenhum motivo que impeça uma mulher de ir para a polícia. Nós até apoiamos isso“.
No sul da Nigéria, de maioria cristã, a emancipação da mulher já está mais avançada. 25% dos policias são mulheres que fazem o seu trabalho tão bem como os seus colegas homens, diz o ministro da Polícia do estado federado de River, Suleman Abbas: „As mulheres também sabem lidar com armas, sobretudo nas unidades móveis e antiterroristas. São bem treinadas e depois podem usar armas. Tenho até de reconhecer que a preparação de algumas mulheres policias é superior à dos homens“.
Autor: Gwendolin Hilse/Carlos Martins/Cristina Krippahl
Revisão: Helena Ferro de Gouveia