Niassa: da ruralidade à industrialização
A industrialização da província do Niassa é a grande esperança para as populações locais. A Zona Económica Especial (ZEE) de Ute criará emprego e dinamizará uma economia atualmente marcada pela escassez de comércio.
Erguem-se fábricas
O Conselho de Ministros declarou Ute como Zona Económica Especial (ZEE) no ano passado. Com uma área de 681 hectares, 156 estão reservados para a construção de um porto seco - uma espécie de terminal terrestre - e algumas residências. A restante área albergará uma zona industrial que compreenderá postos de armazenamento e outras infraestruturas.
Ute, uma localidade à mercê da falta de recursos
Ute é atualmente uma povoação remota onde falta praticamente tudo: as infraestruturas sociais praticamente não existem e o fornecimento de energia ainda é débil. Não obstante, os residentes estão confiantes de que a entrada em ação dos vários projetos previstos para a localidade trará dias melhores para a economia local e familiar. Na foto, é possível ver o Centro de Saúde local.
Acessos garantidos
As condições de acesso à ZEE de Ute estão garantidas, uma vez que a estrada N14 e a linha férrea Lichinga-Cuamba passam nas suas imediações, permitindo o escoamento dos produtos para os portos de Pemba e de Nacala. Com quase 100 mil habitantes, o distrito de Chimbunila dista a 25 quilómetros da capital provincial do Niassa, Lichinga, e vai acolher a maioria dos investimentos previstos.
Fábrica de serração quase pronta
De capital totalmente moçambicano, a fábrica de serração prevista para a ZEE está praticamente pronta. Antes de começar a operar, a unidade prevê contratar numa primeira fase cerca de 300 trabalhadores. A fábrica irá especializar-se no tratamento e processamento de madeiras para o mercado interno, mas também para clientes no estrangeiro.
Matéria-prima não falta
A fábrica de serração conta com 31 mil hectares de florestas de pinho e eucalipto à sua disposição. As árvores vão sustentar a produção de madeira num período de, pelo menos, dez anos. À medida que o produto for escasseando, a empresa terá a responsabilidade de plantar novas árvores para garantir a sustentabilidade do projeto.
Jovens de olho em novos postos de trabalho
Muitos jovens de Ute e de todo o distrito de Chimbunila veem nestes projetos uma porta de entrada para o mercado de trabalho, sobretudo porque na região há fortes índices de desemprego. Alguns jovens locais ouvidos pela DW África exigem transparência na abertura dos concursos de emprego e pedem que se dê prioridade à força laboral local.
Nova fábrica de cimento, a primeira em décadas
A primeira fábrica de cimento do Niassa depois da Independência de Moçambique (1975) começou a ser construída em outubro de 2017 no distrito de Chimbunila. A unidade está a ser edificada lentamente e assim que estiver pronta deverá empregar cerca de 500 trabalhadores. Nas imediações desta estrutura fabril, está ainda prevista a construção de escritórios e armazéns.
Cimento escoado para a região
Com investimento inicial chinês, a fábrica que está a ser erguida na povoação de N’toto, entre o distrito de Chimbunila e o município de Lichinga, terá uma capacidade de produção anual de 200 mil toneladas de cimento. Grande parte da produção será escoada para o mercado interno, mas também para o vizinho Malawi.
Matéria-prima local
A matéria-prima que será utilizada para alimentar a fábrica não será importada, mas sim obtida localmente. A província do Niassa possui grandes quantidades de calcário e argila, sobretudo localizadas no distrito de Sanga.
Cimento mais barato
A instalação da fábrica na província deverá reduzir o preço do cimento na região. Neste momento, um saco de cimento proveniente das províncias de Nampula e de Cabo Delgado custa cerca de 500 a 600 meticais (entre 7 e 8,50 euros), dependendo da qualidade do cimento.