Myanmar: Milhares protestam contra golpe militar
7 de fevereiro de 2021Estimativas colocam o número de manifestantes em Rangum, a maior cidade do país, entre 60.000 e 100.000. Houve relatos de grandes manifestações também noutras cidades este domingo (07.02).
Em Rangum, os manifestantes carregavam faixas com os dizeres "Justiça para Myanmar", enquanto outros acenavam bandeiras vermelhas do partido Liga Nacional para a Democracia (NLD) - da chefe do Governo, Aung San Suu Kyi - numa marcha até à Câmara Municipal.
"Desprezo completamente o golpe militar e não tenho medo de uma repressão", disse Kyi Phyu Kyaw, uma estudante universitária de 20 anos, à agência de notícias AFP.
Os manifestantes anunciaram que regressariam às ruas às 10 horas locais de segunda-feira (08.02), desafiando o estado de emergência imposto pelos militares e indicando que não hesitaram em resistir ao golpe que depôs Suu Kyi.
Também apelaram aos funcionários públicos e às pessoas empregadas noutras indústrias para que não fossem trabalhar e se juntassem aos protestos.
"Vamos lutar até ao fim", disse Ye Kyaw, uma estudante de 18 anos. "A próxima geração pode ter democracia se acabarmos com esta ditadura militar", acrescentou.
Protestos pelo país
Houve uma grande manifestação na capital, Naypyidaw, apesar da pesada presença militar. Dezenas de milhares se mobilizaram contra o golpe também em Mandalay, a segunda maior cidade do país.
Houve ainda manifestações na cidade de Mawlamyine e na região de Magway.
Já no sábado (06.02), a participação de manifestantes nos protestos de rua havia aumentado das centenas para os milhares.
O aumento da dissidência popular durante o fim de semana não pôde ser controlado apesar de um bloqueio da Internet a nível nacional - semelhante em magnitude a um encerramento anterior que coincidiu com a detenção de Suu Kyi e outros líderes seniores na segunda-feira.
O serviço de monitorização NetBlocks informou, entretanto, que o acesso à Internet foi parcialmente restaurado em algumas redes móveis, mas as plataformas de redes sociais permaneciam bloqueadas.
Os militares acusaram a chefe do Governo de Myanmar, Aung San Suu Kyi, e o seu partido de não terem dado seguimento às suas queixas de que a eleição de novembro passado foi marcada por fraude, embora a comissão eleitoral tenha dito não ter encontrado provas que apoiassem as denúncias.
O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, prometeu que as Nações Unidas tudo farão para unir a comunidade internacional e criar condições para reverter o golpe.