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Muitos eleitores duvidam que haverá eleições livres, justas e transparentes em Moçambique

Cristiane Vieira Teixeira15 de outubro de 2014

Acreditam que as eleições gerais de 2014 serão livres, transparentes e justas, em Moçambique? Veja neste artigo uma compilação dos comentários a esta pergunta na página da DW África no Facebook.

https://p.dw.com/p/1DVON
Foto: DW/E. Saul

Foram feitos cerca de 200 comentários no post da DW África a respeito da credibilidade das eleições gerais moçambicanas do próximo dia 15 de outubro. Muitos eleitores duvidam que haverá eleições livres, justas e transparentes.

Abel Cucunha escreve que "nunca houve eleições, justas e transparentes," em Moçambique. Quem já foi membro de mesa sabe." Com Cucunha concorda Jerry Aleixo e acrescenta "desta vez, não será diferente."

O mesmo pensa Rodrigues Chilisse, para quem "com base em fatos reais por mim testemunhados, não se pode falar de eleições livres, justas e transparentes quando um partido X envia membro do seu partido de casa em casa para pedir aos habitantes dos bairros para entregarem os seus números de cartão de eleitor."

"Talvez só no papel," avalia António Franklin Anselmo, "porque na prática foram sempre fraudulentas e desta vez não será diferente." Para este internauta, "eleições não derrubam ditaduras."

Para Bigodão Silimo Salimo, "o partido no poder nunca vai deixar que as eleições sejam livres, justas e trasparentes, porque já se acostumou a fazer o que sempre fez."

Mosambik Kommunalwahl 20.11.2013 Gorongosa
A maioria dos internautas que comentou o post da DW África sobre a credibilidade das eleições mostrou-se pessimista em relação ao assunto. Na foto, eleitor vota nas autárquicas moçambicanas de 2013Foto: Reuters

Daniel Fernando Bitone acredita que "em Moçambique, não há transparência, mas sim favoritismo."

"Em Moçambique, ainda não há justiça," escreve Tito José Bero. "Como é possível o desvio de lote de boletins?" pergunta.

Mavillinazany Baka Villa comenta sobre o cenário democrático que se vive em Moçambique: "Está todo um sistema corrompido e todos os intervenientes jogam ou são obrigados a jogar a favor de apenas um partido - isto não pode ser! Os órgãos decisivos estão todos nas mãos de um partido!"

"Transparência é um princípio de boa governação do qual não iremos gozar tão já," escreve Filipe Tiago Machele. "O under the table [sob a mesa, em português] prevalecerá nestas eleições," diz.

Manuel José avança com uma reflexão: "Se continuar assim, o moçambicano será sempre lambe-botas, porque quem tem voz aqui é o estrangeiro."

Manuel Sérgio Langa diz que "é bom lembrarem que a FRELIMO [Frente de Libertação de Moçambique, o partido no poder] considera-se legítimo por ter iniciado a Luta de Libertação e disso não abre a mão."

Livres e só!

Mosambik Bürgerbewegung Nein zu Gewalt bei Wahlen
Além de pedirem eleições livres, transparentes e justas, internautas querem um pleito sem violência. A plataforma de bloggers Olho do Cidadão leva a cabo a campanha "Não à Violência nas Eleições" (foto)Foto: Olho do Cidadão

Há também aqueles que acreditam numa credibilidade parcial do pleito, focada principalmente na crença de que estas serão eleições livres, como é o caso de Chelsea de Fátima que acrescenta, "justas e transparentes, elas não serão."

Da mesma opinião comunga Abdul Simba Sadique Paito, que acredita que "livres sempre foram! Mas justas e transparentes, duvido."

Hélder Ribeiro diz que as eleições serão mesmo livres. Mas, continua, "justas e transparentes não serão, porque mesmo antes das eleições já há injustiça - digo isso devido aos boletins de voto que antes do dia, já estão dispersos e, ao que tudo indica, serão votos a favor do partido no poder. Isso terá um impacto muito negativo no que tange o acordo ora alcançado," considera.

De forma semelhante pensa Patrick Cristóvão, para quem "justas e transparentes, o partido no poder não aceita que sejam. Isto porque, o partido em si, não é justo e nem transparente." O internauta sugere que os próprios eleitores garantam que estas eleições sejam justas e transparentes, ficando "à espera da contagem" após o voto.

Estevão de Alcidio Pedro afirma: "onde há transparência neste pais é na corrupção. Justiça só há num caso que envolve somente os pobres. Então, as eleições só serão livres."

O internauta Lifoco Lago acredita que a influência externa tem responsabilidade na transparência do pleito moçambicano. "Nunca serão transparentes, enquanto a União Europeia, os Estados Unidos e a China continuarem a financiar a FRELIMO em troca de madeira e outros recursos preciosos," escreve.

Anarella King considera que "enquanto partidarizarem o Estado, jamais se vai mudar Moçambique."

Apostas de confiança

Mosambik Kommunalwahl
Alguns internautas foram otimistas e disseram acreditar que Moçambique terá eleições livres, justas e transparentes. Na foto, a votação durante as autárquicas de 2013Foto: DW/E. Silvestre

Apesar das dúvidas levantadas por alguns, há internautas que crêem que se pode ter confiança nos resultados que saírem das urnas em Moçambique, como é o caso de Macháculo Dércio, que afirma: "Estas eleições serão sim justas, livres e transparentes."

Santos Ernesto Gove diz que as eleições em Moçambique sempre foram justas e transparentes, mas "quem perde sempre procura motivos."

Da mesma opinião, compartilha José da Júlia Mangasse. "A verdade é que mesmo sendo justas e transparentes, os fracos sempre terão como se justificar do fracasso, uma vez que fixaram na mente a palavra 'roubo'," diz.

"Vão ser justas e transparentes," escreve Pedro Rafael Quimbine. "A ganhar a FRELIMO, mas há de doer a alguns. São esses que hão de dizer que não foram justas," considera.

"Mesmo sendo transparentes, a RENAMO [Resistência Nacional Moçambicana, maior partido da oposição no país] diria que foram roubadas, como sempre," acredita também o internauta O Cara Feio.

Já para Neusa Dausse, "todo mundo sabe que com ou sem transparência a FRELIMO já ganhou. Guebuza vai oferecer uma boa mola para os da STAE [Secretariado Técnico da Administração Eleitoral]."

Otimista está, no entanto, o internauta Anjo de Arcanjo, para quem "este ano, serão bem diferentes, o povo já está cansado."

"Desde que todos os atores políticos queiram, elas serão livres, justas e transparentes," defende Abdul Rehmane Aboubakar. "Nunca foi proibido mandar para as mesas de votação fiscais de cada concorrente. Cada um tem que assumir as suas responsabilidades," opina o internauta.

"Não há motivos para problemas. Sempre foram livres e transparentes e desta vez também serão livres e transparentes,” diz Komba Ntukulu. “Tomando em consideração que nas mesas das Assembleias de Voto haverá representantes de partidos políticos com assento parlamentar, há que confiá-los," apela.

Expectativas e sugestões

Mosambik Kommunalwahl
Muitas foram as sugestões sobre como garantir a credibilidade do pleito mocambiçano. Uma delas seria o uso de tecnologias mais avançadas na contagem dos votos. Na foto, Assembleia de Voto durante as autárquicas, na cidade de Pemba (2013)Foto: DW/E. Silvestre

Muitos internautas optaram por expressar suas expectativas por um pleito credível. Alguns fizeram até mesmo sugestões, sobre como garantir que as eleições gerais em Moçambique sejam livres, justas e transparentes.

Elias Tondondo acredita que é preciso haver "paridade do número de fiscais de todos os partidos concorrentes."

No caso de rumores de roubo de votos, Belarminno Rafael Mino sugere: "Vamos fazer greve. Já cansamos!"

Já, Marshall Trindade diz que "para termos justiça, liberdade e transparência, devemos dar um novo tipo de educação cívica aos eleitores, porque eles corrompem-se facilmente."

Emídio Fernando Nhavoto sugere ações para minimizar as burlas. "É necessário que se eliminem os promotores das mesmas e, assim, teremos eleições transparentes," afirma.

Quem também quer mudanças no modelo eleitoral moçambicano é Januário Elias, que pede uma reversão do cenário por meio do uso de "tecnologias mais avançadas na contagem dos votos para vermos, na realidade, quem está por trás da vitória digna."

Malatesca Emílio Malate acredita que, se houver transparência haverá segunda volta. Já Luckz Sive acha que a segunda volta é uma "utopia que nunca se realiza para os moçambicanos."

Bélgio Dule deixou um pedido: "Não queremos fraudes." Édson Duce gostaria que as eleições sejam livres e transparentes "para que tragam a paz a Moçambique." Fabião Ofessi Khokole Khokole quer "paz, justiça e democracia."

Mas para que tudo isso se realize, lembra Benilde Tsembane, "o seu voto conta!"

Esclarecemos que foram feitas correções ortográficas e gramaticais nas citações reproduzidas neste artigo e que foram respeitados os nomes utilizados pelos internautas na rede social Facebook.

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