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Moçambique é uma das locomotivas do crescimento económico em África

António Cascais8 de agosto de 2014

A informação consta de um estudo publicado recentemente pela GTAI, a Germany Trade & Invest, uma instituição pública alemã que, entre outras tarefas, informa empresas alemãs sobre os mercados emergentes.

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Foto: DW/J. Beck

O estudo, intitulado"Matérias-primas oferecem considerável crescimento económico a Moçambique", diz ainda que a exploração dos muitos recursos naturais contribui para o aumento dos investimentos estrangeiros no país. Mas a economia local continua a evidenciar muitas fragilidades e os recursos não são distribuídos de forma equitativa.

Heiko Stumpf é o autor do estudo e delegado da GTAI na África do Sul. Ele também elabora relatórios e análises económicas sobre outros países da África Austral.

Heiko Stumpf
Heiko Stumpf é o autor do relatório e delegado da GTAI na África do SulFoto: GTAI

DW África: Pode concretizar a informação de que Moçambique é mesmo "a economia que maiscresce em toda a África Austral"?

Heiko Stumpf (HS): Desde 2010 que a economia moçambicana cresce continuamente a um nível de mais de 7 por cento ao ano. Os observadores e analistas internacionais esperam também um crescimento comparável para 2014 e 2015 e inclusivé mesmo para os anos seguintes, ou seja para o período entre 2016 e 2018.

DW África: Quais os fatores que mais contribuem para o crescimento moçambicano?

HS: Salientaria os setores da extração de minérios, com destaque para o carvão na província nortenha de Tete. A locomotiva do crescimento moçambicano é sem dúvida a extração de minérios. Este é o setor com maior potencial de crescimento no país. Por enquanto, apenas 2 por cento do Produto Interno Bruto advém deste setor, mas há enormes investimentos, mega-projetos, por exemplo de grandes empresas estrangeiras, como a Vale do Brasil. Tudo indica que este setor irá, portanto, aumentar consideravelmente. Prevê-se que, até 2020, Moçambique poderá vir a exportar 50 milhões de toneladas de carvão. Algumas fontes apontam mesmo para 100 milhões de toneladas por ano.

DW África: Outro setor é, sem dúvida, o gás, como salienta no seu relatório...

Bahnhof Moatize - Linha de Sena
Linha de caminhos de ferro, através da qual é transportado o carvão de Moatize, província de TeteFoto: DW/J. Beck

HS: Exatamente. Na província de Cabo Delgado, no mar, perto da foz do Rio Rovuma, foram encontradas enormesquantidades de gás. Empresas da especialidade, como a Anadarko ou a ENI, investiram milhares de milhões de dólares. E isso também contribuirá para o crescimento.

DW África: O que significa o crescimento para os cidadãos moçambicanos? Será que todos poderão participar no crescimento?

HS: Vai ser uma longa caminhada até que o crescimento possa beneficiar todas as camadas da sociedade moçambicana. Os projetos nas áreas das minas e do gás exigem grandes investimentos. Muito dinheiro é gasto em máquinas e equipamentos, que têm de ser importados. Não vão por isso ser criados tão cedo muitos postos de trabalho. O desemprego é alto em Moçambique e permanecerá alto, tudo o indica.

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