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RENAMO rejeita resultados da repetição das autárquicas

14 de dezembro de 2023

Secretária-geral da RENAMO "não aceita nem reconhece" resultados da repetição das autárquicas em Moçambique. Morte do jornalista João Chamusse é tentativa de silenciamento contra a democracia, diz ainda Clementina Bomba.

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Assembleia de voto em Gurué, Moçambique, no dia da repetição das eleições autárquicas naquele município
Foto: Marcelino Mueia/DW

A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) convocou uma conferência de imprensa nesta quinta-feira (14.12) para expressar a sua rejeição e não reconhecimento dos resultados provenientes da repetição das eleições autárquicas nos municípios de Nacala Porto, Milange, Gurué e Marromeu, que dão vitória à Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), força no poder. O Conselho Constitucional (CC) tinha deliberado no final de novembro a repetição do pleito devido à ocorrência de irregularidades na votação de 11 de outubro

Clementina Bomba, secretária-geral do maior partido de oposição em Moçambique, afirma que tais irregularidades voltaram a repetir-se e representam uma ameaça à democracia, à paz, à reconciliação nacional e à alternância governativa.

"Estes crimes representam um autêntico golpe de Estado à soberania dos moçambicanos. Pelo exposto acima, a RENAMO condena todas as arbitrariedades cometidas nesse processo eleitoral e, por conseguinte, não aceita nem reconhece os resultados da repetição das eleições de 10 de dezembro", advertiu.

Clementina Bomba, secretária-geral da RENAMO, o maior partido de oposição em Moçambique
Clementina Bomba, secretária-geral da RENAMO, o maior partido de oposição em MoçambiqueFoto: Amós Fernando/DW

Responsabilização pelos incidentes

Clementina Bomba atribuiu ainda à polícia a responsabilidade por vários incidentesdurante o processo eleitoral, alegadamente agindo sob ordens do partido no poder. 

"A polícia infligiu maus-tratos e deteve, sem culpa formada, vários delegados de candidatura da RENAMO, desviou urnas para impedir a transparência eleitoral e a produção de atas e editais. Na mesma autarquia, a polícia voltou a demonstrar o seu caráter assassino ao disparar gás lacrimogéneo e balas reais contra cidadãos civis indefesos que marchavam pacificamente, causando ferimentos graves e a morte de um concidadão", comentou.

À semelhança da RENAMO, o analista político Dércio Alfazema ressalta que os resultados das eleições são duvidosos devido a várias irregularidades durante o processo. 

"Vimos situações em que boletins de votos circulavam fora do circuito normal, presidentes que se recusaram a assinar atas, detenções de delegados e até de eleitores, impedimento de observação, paragens ilegais durante o processo de apuramento, atas com assinaturas incompletas, contribuindo para alguns resultados que consideramos duvidosos", enumerou.

Morte de João Chamusse

A RENAMO também reagiu às suspeitas de assassinato do comentarista televisivo e jornalista moçambicano João Chamusse, ocorrido na madrugada desta quinta-feira (14.12). 

João Chamusse, jornalista moçambicano
João Chamusse, jornalista moçambicano, terá sido morto na madrugada desta quinta-feira (14.12) em circunstâncias ainda por apurarFoto: Privat

Clementina Bomba classificou o ato como "a confirmação da captura do Estado".

"É uma tentativa de silenciar todas as vozes que lutam pelo respeito de um Estado de Direito democrático e pelos direitos e liberdades fundamentais. Aqui e agora, condenamos este assassinato e exigimos a responsabilização dos seus autores", frisou.

A secretária-geral da RENAMO condenou ainda o cerco policial à residência do cabeça de lista na cidade de Maputo, Venâncio Mondlane, e a prisão domiciliária do presidente do município de Nacala-Porto, Raúl Novince, ordenada por um tribunal local na quarta-feira (13.12).