Polícia "tudo está a fazer" para a paz no centro moçambicano
17 de março de 2021"Estamos a fazer um trabalho no centro para devolver a ordem e tranquilidade públicas", disse esta quarta-feira (17.03) à comunicação social Bernardino Rafael, à margem da cerimónia de graduação de oficiais superiores na Academia de Ciências Policiais, nos arredores de Maputo.
Em causa estão os ataques armados contra civis e forças governamentais protagonizados pela autoproclamada Junta Militar da RENAMO, que já provocaram a morte de, pelo menos, 30 pessoas desde agosto de 2019.
Operações em curso
Segundo o comandante da Polícia da República de Moçambique (PRM), as operações para neutralização do líder daquele grupo, Mariano Nhongo, continuam, mas em situação de guerra é difícil definir prazos, embora haja progressos.
"Uma guerra não se acaba com prazos, portanto, deixemos as forças de defesa e segurança trabalharem", afirmou Bernardino Rafael, acrescentando que as autoridades "tudo estão a fazer para repor a paz e segurança na região".
A Junta liderada por Mariano Nhongo, antigo líder de guerrilha da RENAMO, contesta a liderança do partido e as condições para a desmobilização decorrentes do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional assinado entre o Governo e o segundo maior partido da oposição.
Nyusi quer resposta científica
Por seu turno, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, desafiou os novos graduados da Academia de Ciências Policiais a aplicarem os seus conhecimentos na busca de respostas científicas no combate aos grupos armados no centro e no norte do país.
"Cada um de vocês deve ser um ator ativo no estudo dos fenómenos sociais que colocam em causa a nossa soberania", disse Filipe Nyusi, dirigindo-se a um grupo de 200 oficiais superiores graduados pela Academia de Ciências Policiais, nos arredores de Maputo.
Para o chefe de Estado, a eficácia dos resultados nas operações para repor a paz no centro e norte de Moçambique passa por uma abordagem científica e, para que se alcance este objetivo, a formação é fundamental.
"Vocês estão autorizados a saberem porque é que há terrorismo no norte e porque é que grupos armados têm protagonizado ataques contra populações no centro de Moçambique. Vocês têm a ferramenta científica para fazer esta análise", frisou o chefe de Estado.
Ataques
As Forças de Defesa e Segurança de Moçambique desdobram-se em operações para travar os grupos armados que têm protagonizado ataques há três anos em alguns distritos da província de Cabo Delgado, norte de Moçambique.
Além das operações em Cabo Delgado, as autoridades moçambicanas perseguem um grupo dissidente do principal partido de oposição (Renamo) no Centro de Moçambique desde agosto de 2019.