Moçambique: Polícia dispersa protesto com gás lacrimogéneo
27 de outubro de 2023Os manifestantes participam numa marcha convocada pelo cabeça de lista da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO, maior partido da oposição) à autarquia de Maputo, Venâncio Mondlane, que reclama ter vencido aquela eleição, em 11 de outubro, e tentaram seguir, na avenida 24 de Julho, em direção às instalações do Conselho Constitucional.
Nessa altura, cerca das 11:30 locais, a marcha foi travada com o posicionamento de vários veículos blindados da polícia e depois pelo lançamento de gás lacrimogéneo, ao que os manifestantes responderam com o arremesso de pedras.
Pelo menos uma pessoa ficou ferida, atingida durante o lançamento de gás lacrimogéneo pela polícia, constatou a Lusa.
Naquela avenida central de Maputo o trânsito está hoje fortemente condicionado pela polícia e a maioria do comércio está encerrada.
Jornalistas expulsos
Apoiantes da RENAMO expulsaram, à força, jornalistas da emissora pública Televisão de Moçambique (TVM) e da privada Miramar da marcha convocada para protestar contra os resultados das eleições autárquicas moçambicanas.
O operador da TVM teve mesmo de ser protegido por elementos da Polícia da República de Moçambique, que desde as primeiras horas do dia estão em vários pontos da baixa de Maputo. Poucos minutos depois, uma viatura da equipa de reportagem da Miramar também foi forçada pela multidão a abandonar o local.
Num comunicado enviado às redações, o MISA-Moçambique "condena este e quaisquer atos de violência contra os jornalistas e os seus equipamentos de trabalho."
"As manifestações de qualquer ato, seja como os resultados do processo eleitoral, assim como com sobre a postura dos media na cobertura sobre assuntos políticos devem ser feitas através de vias pacificas, sem a coerção física nem destruição de bens. O MISA Moçambique apela aos órgãos de informação e aos respectivos jornalistas a redobrarem medidas de segurança e a agirem com maior zelo ao cobrirem eventos caóticos", acrescenta.
Protesto contra o "homicídio da democracia"
O candidato da RENAMO em Maputo, Venâncio Mondlane, apelou à população para "parar tudo" hoje, protestando contra o "homicídio da democracia", face ao anúncio de vitória eleitoral da FRELIMO em 64 das 65 autarquias do país.
"Paramos com toda a atividade pública e privada [na sexta-feira]", apelou Venâncio Mondlane, numa mensagem divulgada pouco depois de Carlos Matsinhe, presidente da CNE, ter anunciado, ao final da tarde de quinta-feira, a vitória do partido no poder nas eleições autárquicas de 11 de outubro, incluindo Maputo, confirmando os resultados de apuramento intermédio, fortemente contestados por observadores, organizações da sociedade civil e partidos da oposição.
Carlos Matsinhe, que leu a ata dos resultados a partir da capital, afirmou que oito membros daquele órgão votaram a favor do apuramento geral do escrutínio, cinco contra e dois abstiveram-se, incluindo o próprio presidente da instituição, segundo a Renamo.
Vários tribunais em todo o país chegaram a anular procedimentos, incluindo três em Maputo, e a mandar repetir o processo eleitoral nos últimos dias, mas os resultados anunciados pela CNE mantiveram-se praticamente inalterados face ao apuramento intermédio.