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Moçambique: Oposição acusa Governo de "ataque aos pobres"

Lusa
20 de outubro de 2022

A RENAMO, principal partido da oposição, e o MDM acusaram no parlamento o Governo de "ilusionismo" e "ataque aos pobres", enquanto a FRELIMO, partido no poder, acusou os adversários de praticarem "demagogia e populismo".

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Mosambik I Parlament von Mosambik
Foto: Roberto Paquete/DW

Os três partidos com assento parlamentar em Moçambique trocaram acusações no segundo dia de respostas do Governo a perguntas dos deputados no parlamento.

"As medidas para a aceleração económica que o Governo anunciou são baseadas num ilusionismo, não têm nenhum impacto para as camadas desfavorecidas da população", disse Venâncio Mondlane, deputado da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO).

Mondlane assinalou que o executivo tem anunciado resultados positivos de medidas que ainda nem começaram a ser implementadas, porque a sua validade depende da aprovação da Assembleia da República.

Por outro lado, prosseguiu, o Governo está a comportar-se como um "agente externo", porque as ações que assumiu no âmbito da recuperação económica, sobretudo no plano fiscal, foram ditadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

Venâncio Mondlane
Venâncio Mondlane, deputado da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO)Foto: Roberto Paquete/DW

Silvério Ronguane, deputado do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), acusou o executivo de "ataque aos pobres" por executar uma agenda que não ajuda os segmentos mais carenciados da população.

"Têm sido anunciados subsídios aos passageiros e transportadores, mas essas ajudas destinam-se apenas à cidade de Maputo, num procedimento que é de clara exclusão", declarou.

"Mal chegou e já está a excluir", disse o deputado, referindo-se ao ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Magala, um quadro do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), que integrou recentemente o executivo moçambicano.

Para Silvério Ronguane, a "liderança fraca" do Presidente da República está a fazer com que "a pobreza pese demais" em Moçambique.

"Demagogia e populismo"

Gabriel Júnior, deputado da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), acusou a oposição de "demagogia e populismo", ao pretender eficácia imediata de medidas de recuperação económica desenhadas para uma transformação estrutural da economia.

"O que estamos aqui a ouvir da oposição tem um condão intrigante, demagógico e populista", afirmou Júnior.

Algumas ações do Governo para a recuperação económica já surtiram efeito, outras levarão tempo, porque são de médio e longo prazo, declarou o deputado do partido no poder.

No discurso de encerramento da sessão de perguntas ao Governo, o primeiro-ministro, Adriano Maleiane, apelou à cultura de trabalho no país para a superação das dificuldades.

"Penso que se todos nós nos dedicarmos ao trabalho e não esperarmos que o Governo faça tudo, conseguiremos resultados", afirmou.

Maleiane reiterou o compromisso com a mitigação do impacto dos choques provocados pela guerra Rússia-Ucrânia e com a recuperação da economia depois da pandemia de covid-19.

O governante voltou a afirmar, tal como na quarta-feira (19.10), que as ações que as autoridades estão a executar estão a produzir resultados na contenção de subida de preços no país.

Uma aliança da oposição contra a FRELIMO em Moçambique?