Moçambique: ONU defende diálogo entre Nyusi e Nhongo
6 de janeiro de 2021"Acreditamos que existe um ambiente propício ao diálogo [entre Mariano Nhongo] e o Presidente Nyusi", refere uma nota distribuída esta quarta-feira (06.01) à comunicação social pelo enviado especial do secretário-geral das Nações Unidas em Moçambique, Mirko Manzoni.
Em causa está o anúncio feito pelo líder da autoproclamada Junta Militar da RENAMO, um grupo dissidente do principal partido de oposição em Moçambique, em finais de dezembro, dando conta da suspensão das emboscadas e ataques de viaturas nas estradas e aldeias do centro de Moçambique, para permitir o início de negociações de paz com o Governo.
Em outubro, o Presidente moçambicano também tinha anunciado uma trégua na perseguição das Forças de Defesa e Segurança (FDS) à Junta Militar da RENAMO durante sete dias, mas tentativas de aproximação para um diálogo fracassaram, com as duas partes a trocarem acusações.
Para Mirko Manzoni, a abertura das duas partes para um diálogo é um bom sinal, uma "clara demonstração da importância atribuída à paz e do seu desejo de pôr fim ao conflito no centro de Moçambique".
ONU tem esperança em "ano pacífico"
"Estes avanços representam um progresso concreto e iremos apoiar todos os esforços no sentido de dialogar com uma delegação nomeada pela Junta Militar da RENAMO. Temos esperança que 2021 seja um ano pacífico para todos os moçambicanos", conclui a nota do enviado especial do secretário-geral das Nações Unidas em Moçambique.
Apesar dos referidos avanços, nos últimos meses, após o fracasso das primeiras tentativas de negociação, o Presidente moçambicano anunciou operações de grande vulto contra bases da autoproclamada Junta Militar no centro de Moçambique, avançando que as Forças de Defesa e Segurança capturaram três homens próximos do líder do grupo dissidente da RENAMO, entre os quais o seu assistente de campo.
O grupo de Nhongo exige melhores condições de reintegração, a renegociação do acordo de paz de 2019 entre o Governo e a RENAMO e a renúncia do atual presidente do principal partido da oposição, Ossufo Momade, a quem acusam de ter desviado o processo de negociação dos ideais de seu antecessor, Afonso Dhlakama, líder histórico que morreu em maio de 2018.