Ex-ministra do Trabalho nega acusações de corrupção
5 de abril de 2022No primeiro dia de audições, esta terça-feira (05.04), a antiga ministra do Trabalho e ex-embaixadora de Moçambique em Angola negou ser proprietária de uma moradia no bairro de Muahiviri, na cidade de Nampula, que teria custado o equivalente a 70 mil euros.
Helena Taipo disse ainda não conhecer a existência de um contrato com uma empresa de construção civil que teria celebrado um acordo com o Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional para a construção de uma oficina no distrito de Malema, em Nampula, cujos valores não foram revelados.
O advogado de defesa da arguida, Inácio Matsinhe, mostrou satisfação com o decurso do julgamento até aqui.
"Estou satisfeito. O que a defesa quer, de facto, é apurar a prova, apurar a verdade material, e essa prova está a fluir", afirmou Matsinhe em declarações aos jornalistas.
O caso do alegado desvio de 1,6 milhões de euros, na Direção Nacional do Trabalho Migratório, em 2014, está vedado à imprensa.
Ex-ministra está "tranquila"
Na audiência desta terça-feira, a juíza da causa Evandra Uamusse mostrou provas de como a antiga ministra teria transferido da conta da Direção Nacional do Trabalho Migratório um pagamento para a conta pessoal do proprietário de uma empresa de construção civil. Taipo recusou a acusação.
A arguida, no entanto, admitiu que a Direção Nacional de Trabalho Migratório se viu obrigada a recorrer a valores de diversas contas para travar ondas de greves de mineiros que eclodiram em Maputo, Xai-Xai e Maxixe.
Questionada sobre os valores que foram transferidos e não canalizados na totalidade para o tesouro, Taipo disse que não estava em condições de responder e que os seus colegas poderiam clarificar o assunto.
Por todas as perguntas colocadas pela juíza, o advogado da ré Helena Taipo, garantia que a sua constituinte estava tranquila: "Como viram, está tranquila, sossegada, muito bem."
Este caso não foi para a gaveta
O advogado de um dos réus em julgamento, António Rurane, disse que os arguidos estão a ajudar o tribunal a fazer justiça, independentemente do tipo de respostas que os acusados estejam a dar.
"A lei abre sempre um espaço para que pessoa tenha três cenários: do silêncio, mentir ou responder. Eu penso que o tratamento é igual para todos e, por acaso, o tribunal está a acautelar essa parte, não há privilegiados nem aqueles que estão numa situação de desvantagem, há equilíbrio", disse Rurane.
O analista Dércio Alfazema entende que o julgamento deste caso que envolve a antiga ministra do Trabalho é um sinal positivo para Moçambique.
"Significa que as instituições estão a trabalhar, o sistema funcionou", afirma. Apesar de a acusada ser uma antiga governante, "isso não foi suficiente para travar" uma investigação.