Moçambique: EDM deteta consumo ilegal de corrente elétrica
7 de dezembro de 2020Durante a semana passada, uma operação da empresa Eletricidade de Moçambique (EDM) desmantelou uma rede no centro de saúde público de Cariacó, em Pemba, que consumia clandestinamente a corrente elétrica desde 2017.
De acordo com a EDM, há muito que a compra da corrente elétrica para o funcionamento da instituição registava irregularidades. Ou seja, de uma faturação mensal de cerca de 10 mil meticais (o equivalente a 112,35 euros), o sistema da Eletricidade de Moçambique registou uma extraordinária redução para cerca de 100 meticais (1,12 euros), o que terá despertado a atenção da empresa, que decidiu fazer uma inspeção.
Cardoso Ernesto, técnico da EDM, diz que as investigações confirmaram a existência de um esquema fraudulento que operava naquele centro sanitário.
"Esta instalação estava a consumir energia de forma clandestina e ilegal. Conforme se vê aqui, o contador foi ligado de forma direta. Ligaram somente nas saídas, mas as entradas do contador não fizeram qualquer conexão", explica.
Prejuízos avultados
O técnico explica que o contador, mais conhecido como CREDELEC, foi desligado completamente. Ou seja, o equipamento servia apenas de adereço sem qualquer função.
"Esta é uma instalação trifásica e quando entramos no sistema no sentido de ver quais são as compras que o hospital efetua, não encontramos nenhuma compra. Encontramos recargas de 100 meticais numa instituição que trabalho com equipamentos que requerem consumo de muita eletricidade", relata Ernesto.
O diretor da EDM em Cabo Delgado, Gildo Marques, faz saber que o consumo fraudulento da energia criou prejuízos na ordem de 2 milhões de meticais (cerca de 22.471,9 euros), num esquema que existe há cerca de três anos.
"Fizemos análises por forma a avaliar os consumos, são prejuízos avaliados em mais de dois milhões de meticais que é resultado do não consumo de energia de forma legal por volta de três anos, desde junho de 2017. Por se tratar de um centro de saúde não pode ficar sem energia, mas vamos seguir procedimentos, aplicando a multa e esperemos que seja paga", revelou.
Ilegalidade surpresa?
O diretor distrital da Saúde, Mulher e Ação Social de Pemba, Armindo Chicava, diz-se surpreendido com a situação e alega que a EDM nunca teria notificado o setor da saúde sobre eventual irregularidade de consumo da corrente elétrica.
"A 14 de outubro, constatei que a energia que era fornecida ao centro de saúde de Cariacó era fraca e alguns equipamentos não estavam a funcionar adequadamente. Fiz uma carta dirigindo a EDM para a mudança de monofásico para trifásico."
"A resposta que eles deram é que na carta deveria ser anexado o projeto. Nós achamos que o processo ainda estava em curso e em nenhum outro momento a EDM nos notificou de que a energia era consumida ilegalmente", adianta.
Este episódio, segundo o diretor da EDM, despertou a atenção da empresa que promete nos próximos tempos intensificar as atividades de inspeção noutras instituições públicas ao nível da província.
Inspeção vai intensificar-se
"Este é o primeiro caso [de consumo ilegal de energia] numa instituição pública este ano. Não desejamos que isto aconteça. Vamos fazer inspeções em quase todas as intuições públicas e esperamos não encontrar este tipo de caso. Se formos a encontrar, vamos tomar medidas administrativas", avança Gildo Marques.
A inspeção a grandes consumidores da EDM começou recentemente em Pemba e deverá chegar também aos centros comerciais, grandes armazéns e entre outros clientes enquadrados, que consomem a corrente elétrica fornecida pela EDM.
Antes disso, a inspeção esteve focada às instalações domésticas. Neste grupo de clientes, a EDM fala em prejuízos de mais de 4 milhões de meticais (44.943,82 euros), também em consequência de ligações clandestinas a corrente elétrica.
"Estamos a penalizar, algumas multas estão sendo pagas e outras estão em processo. Aquelas que são pagas o que fazemos é a devolução de energia ao cliente. Para os clientes que não conseguem pagar dentro dos prazos, levamos o processo ao tribunal", esclarece o diretor da EDM em Cabo Delgado.