1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Moçambique e Brasil apostam na eliminação de doenças tropicais

2 de fevereiro de 2012

Moçambique e Brasil estão envolvidos numa iniciativa internacional para a eliminação de doenças tropicais negligenciadas. A meta da Organização Mundial de Saúde (OMS) é erradicar dez enfermidades até 2020.

https://p.dw.com/p/13vVD
Hanseníase, elefantíase e doença do sono são algumas das doenças neglicenciadas
Hanseníase, elefantíase e doença do sono são algumas das doenças neglicenciadasFoto: AP

Na iniciativa internacional estão envolvidos representantes de diversos governos, o Banco Mundial, 13 indústrias farmacêuticas e a Fundação Bill e Melinda Gates, que prometeu doar 362 milhões de dólares (cerca de 275 milhões de euros) em cinco anos para ajudar a comprar os medicamentos e financiar a investigação relativamente ao tratamento de doenças tropicais como hanseníase, elefantíase, tracoma, doença do sono e esquistossomose.

Para o secretário de vigilância sanitária do Brasil, Jarbas Barbosa, com a parceria das iniciativas públicas e privadas, o compromisso assumido pelos vários atores do processo pode acelerar, e muito, o acesso das populações às ferramentas já disponíveis, principalmente nos países mais pobres de África.

Jarbas Barbosa defende que é preciso desenvolver novas ferramentas, novas drogas, novas vacinas e novos testes de laboratório para algumas enfermidades como a leishmaniose, uma doença infetocontagiosa própria de certos países quentes. Por outro lado, lembra que há outro grupo de doenças que é possível eliminar, ou pelo menos controlar, até 2020.

A Fundação Bill e Melinda Gates prometeu doar 362 milhões de dólares (cerca de 275 milhões de euros)
A Fundação Bill e Melinda Gates prometeu doar 362 milhões de dólares (cerca de 275 milhões de euros)Foto: dapd

Disponíveis 14 mil milhões de tratamentos

Só a indústria farmacêutica deverá doar 14 mil milhões de tratamentos para nove das enfermidades tropicais a nível mundial. Uma ajuda que, segundo o secretário de vigilância sanitária do Brasil, será sobretudo importante para os países africanos.

O Brasil tem trabalhado na prevenção e no controlo destas doenças através da Estratégia de Saúde da Família, que hoje já cobre cem milhões de pessoas no Brasil. Em alguns países em África, porém, mesmo que os medicamentos sejam doados, “há dificuldades em fazer chegar esses medicamentos às pessoas que precisam porque os seus sistemas de saúde têm ainda muitas fragilidades”, explica Jarbas Barbosa, que alerta para a importância de trabalhar também no fortalecimento desses sistemas de saúde.

Moçambique aberto a ajudas

Segundo a diretora nacional adjunta de saúde pública de Moçambique, Lígia Chongo, o país tem um plano de prevenção, mas as doenças tropicais ainda são motivo de preocupação. “É verdade que ainda continua a ser um problema de saúde pública porque grande parte dessas doenças tem a ver com o saneamento do meio”, lembra.

Moçambique está disposto a aceitar todo o tipo de ajuda para combater as doenças
Moçambique está disposto a aceitar todo o tipo de ajuda para combater as doençasFoto: picture-alliance/dpa

E como os custos em termos de medicamentos são elevados, o país está disposto a aceitar “qualquer tipo de ajuda” de países amigos ou parceiros que queiram ajudar, revela Lígia Chongo.

Essa ajuda, segundo o secretário Jarbas Barbosa, pode mesmo vir do Brasil, uma vez que o Brasil tem uma tradição de cooperação Sul- Sul com países africanos, sendo a saúde uma das áreas abrangidas.

Além de Moçambique e do Brasil, também estão envolvidos na iniciativa internacional para a eliminação de doenças tropicais negligenciadas o Bangladesh e a Tanzânia. Atualmente, o número de pessoas afetadas por estas enfermidades chega aos mil milhões.

Autora: Sabine Weiler
Edição: Madalena Sampaio/António Rocha