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Moçambique: Doentes com Covid-19 sofrem discriminação

13 de junho de 2020

Organizações da área da saúde a operar no país chamam a atenção para a necessidade de sensibilizar a população sobre o coronavírus. "Repercussões desta doença não são as mesmas que as do HIV", alerta organização.

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Mosambik Maputo | Coronavirus | Diskriminierung
Ação de sensibilização sobre o vírus em MoçambiqueFoto: DW/R. da Silva

Na cidade da Beira, província central de Sofala, Moçambique, os primeiros cidadãos que testaram positivo para a Covid-19 tiveram que fugir para outras províncias por recear violência. Também em Maputo, a capital do país, cidadãos recorrem à polícia para controlar pessoas que chegam de locais com muita incidência do novo coronavírus, sobretudo de Cabo Delgado.

A situação, confirmar algumas organizações não-governamentais com que a DW África falou, está a gerar preocupação. O diretor geral da Coalizão da Juventude Moçambicana, Faruk Simango, assevera que é preciso explicar às pessoas que ninguém está com intenção de espalhar a doença.

"Nós temos jovens e muitas pessoas vindas da África do Sul que estão a ser discriminadas e acusadas de terem trazido a pandemia. Mas quando as pessoas vieram para o país já havia casos do novo coronavírus. Então, é preciso haver consciência da nossa população de que é uma situação que está afetar o mundo", diz Faruk Simango.

Mosambik Maputo | Coronavirus | Diskriminierung
Centro de Saúde de Boquisso, arredores de MaputoFoto: DW/R. da Silva

Graça Júlio, Coordenadora do Programa de Violência Baseada no Género da organização Fórum Mulher, explica que tem havido alguma "desinformação" sobre o tema e que é necessário esclarecer as comunidades. "Nós ,que divulgamos e fazemos as sensibilizações, temos que ter uma certa cautela e ver que tipo de mensagens passamos, porque a forma como passamos [a mensagem] pode fazer com que as pessoas interpretem mal".

Covid-19 é diferente do HIV

Enquanto isso, a Associação dos Cegos e Amblíopes de Moçambique [ACAMO] quer desconstruir a ideia de que o novo coronavírus se assemelha ao HIV/SIDA, cujos seropositivos são sistematicamente discriminados e estigmatizados. Segundo explica o presidente Hélder Buque, só o facto de se afirmar que o suspeito acusou positivo ao coronavírus, as pessoas pensam que as repercussões são as mesmas que as do HIV.

"Então, isto traz nas cabeças das pessoas a grande discriminação. Então, nós estamos aqui para dizer não à discriminação. Esta doença, como outra qualquer, o que precisamos fazer é combatê-la através de medidas que nos são recomendadas".

A maioria dos casos da Covid-19 em Moçambique está concentrada nas províncias nortenhas de Cabo Delgado e Nampula e no sul na cidade e província de Maputo. 

Dos 509 casos registados em Moçambique, 459 são de transmissão local e 50 são importados. O país regista até à data duas vítimas mortais.

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