Moçambique: "Panelanço" e apitos marcam sábado em Maputo
17 de novembro de 2024Em Maputo, capital de Moçambique, a noite deste sábado (16.11) foi marcada por maia "panelanços" e apitos. Às cerca das 21:30 locais (menos duas horas em Lisboa) era já praticamente impossível circular na Avenida Julius Nyerere próximo ao mercado do Xiquelene, quer pelas pedras de todas as dimensões colocadas na via ou pelos manifestantes que abordavam os automobilistas, com várias viaturas a tentarem inverter a marcha.
Noutra zona próxima, na entrada do bairro da Maxaquene, pela Avenida Vladimir Lenine, o resultado do apelo feito na tarde deste sábado (16.11), pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane para um "panelanço" de contestação aos resultados eleitorais acontecia na rua e a artéria estava cortada ao trânsito, enquanto pneus ardiam na via.
"Se avançar, vão queimar o carro"
"Se avançar, vão queimar o carro", avisava um manifestante, de apito na boca, enquanto dezenas, de todas as idades, batiam panelas e tambores na rua, num clima de festa.
Em artérias centrais de Maputo, como as avenidas 24 de Julho, Eduardo Mondlane, Julius Nyerere, Joaquim Chissano ou Mao Tsé-Tung, entre outras, vuvuzelas, apitos e panelas a bater faziam-se ouvir, sobretudo das janelas e varandas, enquanto outros desciam à rua e apitavam em cima de carros.
Quem circulava de viatura também se juntava ao coro, buzinando, mas alguns até colocaram latas presas por fios, tornando o som ainda mais estridente ao bater no asfalto.
Este protesto foi convocado pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, para este sábado, domingo e segunda-feira, entre as 21:00 e as 22:00 locais.
Modlane promete anunciar na terça-feira novas formas de contestação aos resultados anunciados das eleições gerais de 09 de outubro, mas já na noite de ontem era igualmente visível, pelo menos, em bairros da periferia da capital.
Protestos em Lisboa e Porto
Protestos também chegaram a cidades portuguesas este sábado. Cerca de meia centena de pessoas manifestaram-se em Lisboa, pelos direitos do povo moçambicano e contra a alegada fraude nas eleições de outubro, defendendo que "o momento da revolução de Moçambique chegou".
"Nenhum tirano nos irá escravizar, pedra a pedra construímos um novo dia", foi uma das muitas palavras de ordem gritadas pelos manifestantes que ontem pintaram a praça do Marquês de Pombal, em Lisboa, com as cores da bandeira de Moçambique.
Também no Porto, cerca de 30 cidadãos moçambicanos exigiram a clarificação dos resultados das últimas eleições presidenciais em Moçambique e uma tomada de posição do Estado português para acabar com o clima de violência.
Munidos de cartazes onde se lia "Moçambique povo no poder", "Eleições justas, transparentes e livres", os manifestantes, na maioria estudantes e trabalhadores, lembraram também Paulo Guambe e Elvino Dias, assassinados em 19 de outubro em Maputo.