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MédiaÁfrica

Morreu Carlos Martins, um dos nomes mais marcantes da DW 

Marcio Pessôa
13 de março de 2022

Jornalista estava internado para tratar de uma doença num hospital de Colónia, na Alemanha. Morte comove parentes, amigos e colegas que conviveram com um dos profissionais mais talentosos que já passaram pela DW África. 

https://p.dw.com/p/48Poe
Redakteur Carlos Martins
Martins (dir.) com os colegas José Belchior (esq.) e Joaquim Amaral Marques (centr.) em 1977Foto: Heinz Bogler/DW

O jornalismo da DW perdeu neste sábado (12.03) uma das suas grandes personalidades. Carlos Martins morreu na cidade alemã de Colónia após semanas internado para tratar de uma doença.  

Martins marcou época no serviço de língua portuguesa da DW, emissora para a qual trabalhou por mais de 30 anos. Como jornalista, testemunhou uma série de eventos políticos internacionais intensos e relevantes, além de profundas mudanças tecnológicas.  

Nascido em Lisboa, a 13 de julho de 1946, era um profissional admirado pelo texto irreparável e pela personalidade generosa, bem-humorada e acolhedora. Martins contribuiu decisivamente para a formação e desenvolvimento de muitos profissionais que atuam hoje na redação.  

Carlos Martins
Martins: "O 25 de Abril foi uma das grandes alegrias da minha vida"Foto: DW

"O Carlos Martins foi para mim um segundo pai, um exemplo como homem e jornalista. Com ele, consegui aperfeiçoar os meus conhecimentos de português. Ele tinha um estilo de escrever muito sóbrio e despretensioso", conta o jornalista António Cascais.  

Trajetória profissional 

Carlos Martins ingressou na Deutsche Welle em outubro de 1973, quando os estúdios da emissora alemã eram em Colónia. "Eu desertei da tropa para não ir à guerra do ultramar", costumava contar quando perguntado sobre os motivos de morar na Alemanha.  

Admirado pelos colegas por ser espontâneo, curioso e culto, antes de iniciar a sua carreira jornalística, Martins estudou Filosofia. "Eu sou o gajo mais desportivo que existe, por isso o meu maior hobby era ler biografias de gajos célebres ou sobre história, que era a coisa que eu gostava", salientou Martins num programa da DW em sua homenagem em 2011, quando foi para a reforma.

O jornalista contava que, como muitos portugueses na década de 1970, pensava que o regime de Salazar iria durar mais 50 anos e que nunca mais poderia regressar a Portugal. “Com o 25 de Abril, eu vi, no entanto, que poderia voltar a Portugal e foi uma alegria. Foi uma das grandes alegrias da minha vida”, explicou.

Relembre abaixo um programa especial sobre o Carnaval de Colónia, apresentado por Carlos Martins, no qual o jornalista disserta sobre a cultura do Carnaval na cidade alemã com profundo conhecimento e rara simplicidade. Martins conversa de forma humorada com os ouvintes, apresentando músicas carnavalescas clássicas na Alemanha. 

Programa Especial sobre o Carnaval de Colónia (23.02.2009)

Famoso pelas anedotas 

Um profissional que dominava muito bem a língua portuguesa e com admiráveis conhecimentos de história. É assim que o jornalista cabo-verdiano António Rocha, um dos profissionais que coordenou a redação da DW Português para África, lembra de Carlos Martins.  

"Era uma pessoa que tinha uma grande facilidade de relacionar-se com todo mundo. Momentos depois de conhecer uma pessoa, o Martins já lhe contava anedotas", lembra Rocha. "Era um antistress na redação. Quando as pessoas falavam de coisas muito sérias, o Martins surgia com uma anedota". 

A morte de Carlos Martins é sentida profundamente por todos que com ele conviveram. Deixará saudades, mas seu legado humano e profissional permanecerá vivo na memória da redação Português para África da DW.  

Portugiesisch-Redaktion der DW, 2006
Carlos Martins com os colegas da DW Português para África em 2006Foto: DW