Morreu Ahmed Kathrada, companheiro de luta de Mandela
28 de março de 2017Kathrada estava entre os que foram julgados e presos juntamente com Nelson Mandela, no julgamento de Rivonia, em 1964, que atraiu a atenção mundial e expôs o brutal sistema legal sob o regime do 'apartheid'.
Kathrada passou 26 anos e três meses na prisão, 18 dos quais em Robben Island, ao largo da Cidade do Cabo.
Em 2013, Ahmed Kathrada foi guia de Barack Obama na visita que o então Presidente norte-americano realizou a Robben Island, onde Nelson Mandela também esteve preso 18 anos durante o regime do 'apartheid'.
Depois do fim do 'apartheid', Ahmed Kathrada foi conselheiro parlamentar entre 1994 e 1999 do ex-Presidente Nelson Mandela no primeiro governo do Congresso Nacional Africano (ANC na sigla em inglês, o partido no poder).
"Esta é uma grande perda para o ANC, para o movimento de libertação e para a África do Sul como um todo", disse Neeshan Balton, líder da Fundação Ahmed Kathrada Foundation em comunicado.
"'Kathy' foi uma inspiração para milhões em diferentes partes do mundo", disse.
Kathrada iniciou-se no ativismo contra o regime de minoria branca aos 17 anos, numa altura em que era um dos 2.000 "resistentes pacíficos" presos em 1946 por desafiarem legislação que discriminava indianos sul-africanos.
Em julho de 1963, a polícia fez uma rusga à Liliesleaf Farm em Rivonia, um subúrbio da cidade de Joanesburgo, onde Kathrada e outros ativistas séniores se tinham reunido em segredo.
No famoso julgamento de Rivonia, oito dos acusados foram condenados a prisão perpétua com trabalhos forçados em Robben Island.
Além de Nelson Mandela, o ativista Denis Goldberg também foi companheiro de prisão de Ahmed Kathrada. Em entrevista à DW África, ele se lembrou dos momentos que passou ao lado do antigo companheiro de luta.
"Estávamos em julgamento por nossas vidas, por uma conspiração para derrubar o sistema do apartheid. O que eu me lembro é a calma de Kathrada, seu humor, sua capacidade de ver que o que estávamos fazendo era algo que precisávamos fazer. Porque não se pode permitir que a tirania continue. A vida dele inteira foi fazendo isso, antes, durante e depois da prisão", disse.