Mohammed Morsi é o novo presidente do Egipto
25 de junho de 2012
Mais de 80 milhões de egípcios esperavam sob grande tensão o resultado das primeiras eleições presidenciais livres no seu país. A Comissão Eleitoral precisou de uma semana para fazer a contagem dos votos. Agora é oficial: Mohammed Morsi é o novo presidente do Egito. Ele obteve 51,73% dos votos contra 48,27% para o seu rival, Ahmed Shafiq.
Foi o presidente da Comissão Eleitoral egípcia, Faruk Sultan, que, numa longa conferência de imprensa, anunciou os resultados das primeiras presidenciais desde a queda do ex-Presidente Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011. A primeira volta tinha sido disputada por 12 candidatos, mas nenhum garantiu a maioria exigida por lei. E na segunda volta, Morsi enfrentou Ahmed Shafiq, o último primeiro ministro de Mubarak.
Durante esta última semana, os dois candidatos, Morsi e Shafiq, reclamaram vitória no escrutínio, enquanto o Conselho Supremo das Forças Armadas, no poder no país há mais de um ano, afirmava que agiria com firmeza contra qualquer ameaça a interesses públicos ou privados.
Eleições em ambiente de protesto
Depois de, este domingo, terem sido anunciados os resultados da eleição, as dezenas de milhares de pessoas concentradas na praça Tahrir, símbolo da revolução que no ano passado derrubou o regime do então chefe de Estado Mubarak, expressaram a sua satisfação com gritos e aplausos.
Através da rede social Twitter, o Partido Liberdade e Justiça, de Morsi, fez saber aos seus apoiantes reunidos na praça central da capital, que "os egípcios celebravam principalmente uma grande vitória para a revolução". Para muitos, o opositor de Mohammed Morsi, Ahmed Shafiq, o ex-militar derrotado, representava o antigo regime.
De acordo com várias agências de notícias, o partido agradeceu, ainda através da conta na rede social, a "todos os egípcios", tanto àqueles que votaram no seu candidato como àqueles que não o fizeram, e sublinhou que "a batalha pela democracia e a justiça não terminou": Nós continuaremos na Praça Tahrir, garantiu o Partido Liberdade e Justiça.
Desde terça-feira passada, já milhares de pessoas se encontravam na praça no centro do Cairo, onde protestavam contra as emendas constitucionais introduzidas pela Junta Militar e exigiam a dissolução da Câmara baixa do parlamento egípcio determinada pelo Tribunal Constitucional há cerca de duas semanas.
Festa antecipada
Enquanto isso, já desde o dia seguinte às eleições, adeptos da Irmandade Muçulmana festejavam na Praça Tahrir a vitória de Morsi, mesmo sem esperar uma semana pelos resultados oficiais. Um egípcio disse: "Estou muito, muito feliz por termos eleito pela primeira vez de forma livre o nosso presidente. Estou muito feliz! Graças a Deus!“
Outro egípcio que estava no mesmo lugar explica que com esta eleição civil, o país livrou-se da hegemonia militar pela primeira vez na história do Egipto. O cidadão, que também está feliz com a eleição, tem grandes esperanças em relação ao futuro: "Mas agora, o poder está outra vez em mãos civis e esperamos que seja entregue por completo aos civis.“ De lembrar que desde a revolução de 1952 o poder sempre esteve nas mãos dos militares.
Desde o anúncio da vitória de Mohammed Morsi, este domingo, o novo chefe de Estado egípcio já recebeu felicitações de líderes mundiais desde o Médio Oriente e países do golfo à Uniao Europeia e Nações Unidas, Estados Unidos da América e Irão. O opositor Ahmed Shafiq transmitiu igualmente uma mensagem de felicitação.
Autora: Marta Barroso
Edição: Nádia Issufo/António Rocha