Moçambique: Os mototáxis de Nampula
Com a crise no transporte público na província de Nampula, os mototáxis multiplicaram-se. A atividade surgiu há mais de cinco anos, mas recentemente alastrou-se em várias cidades. Há vantagens e desvantagens.
Mototáxis conquistam os jovens
O serviço de mototáxi está a ganhar espaço em Nampula. A atividade veio reduzir o drama da crise do transporte público em quase toda a província. Esta é mais uma nova forma de ganhar a vida, que tem conquistado muitos jovens nos últimos anos.
Estacionamentos "ilegais"
Na cidade de Nampula, nas principais ruas e centros de concentração populacional estão instalados parques de estacionamento "ilegais" de mototáxis. Não há nenhuma identificação. Mas é possível reconhecer esses locais através da concentração de jovens com motorizadas, sempre prontos a servir os cidadãos.
Risco de saúde em troca de dinheiro
Há muitos riscos na atividade dos mototaxitas. Os condutores desafiam o sol, a chuva e até chegam mesmo a partilhar os passeios nas ruas com os peões e vendedores, mas também a estrada com viaturas. No final, o que se pretende é lucrar e a saúde só fica acautelada mais tarde, com dinheiro no bolso.
Crise no transporte
Devido à insuficiência de transporte público na cidade Nampula, aliada à superlotação e ao encurtamento de rotas, muitos cidadãos optam pelos mototáxis. Há muitas vantagens para o passageiro, uma delas é chegar mais rápido ao destino, sem paragens ou desvios de caminhos.
Melhor opção contra o desemprego
Amade Wahari tem 34 anos, é casado e pai de cinco filhos. Há três anos o mototáxi é a fonte de sustento da sua família. Por dia consegue entre 400 a 500 meticais. Mas não esconde a sua indignação: "Passamos muito mal com a polícia. Quase diariamente são confiscadas as nossas motorizadas, até mesmo com documentos e tudo que é necessário", revelou.
Conduzir em zonas perigosas
A cidade de Nampula, a terceira maior do país, apresenta buracos em algumas estradas. Uma delas é a rua Dom Manuel Viera Pinto, no bairro de Namicopo, onde há um grande índice de criminalidade. Mas os mototaxistas arriscam-se até altas horas. Aliás, nesta rua está o maior centro de concentração de mototáxis. Cidadãos e condutores lamentam a situação e pedem ações de combate ao crime.
Viver de motorizada sem conduzir
Não só os jovens ganham dinheiro como mototaxistas, mas há quem viva de mota sem conduzir. Jeremias é um dos cidadãos que consegue fazer dinheiro através da montagens de motocicletas, que depois serão vendidas em lojas. Peça por peça, Jeremias "faz"’ motorizadas e no final ganha de 400 a 500 meticais por veículo montado.
Preços das motas disparam
Por causa da crise económica que o país atravessa desde 2015, os preços dos produtos e serviços subiram. Os estabelecimentos comerciais também não ficaram alheios à esta realidade e, por isso, o preço da motorizada duplicou nos últimos dois anos. Em 2016, uma motorizada de marca LIFO XY-49-10 custava 19 mil meticais, mas atualmente pode chegar a 40 mil meticais.
Proliferação de oficinas de motas
Na cidade de Nampula, cresce o número de oficinas de reparação de motorizadas. Muitas delas chegam mesmo a funcionar em passeios ou estradas, sob o olhar das autoridades que pouco, senão nada, fazem para pôr fim ao problema. Este cenário foi, em parte, originado pelo aumento do número de motociclistas e mototaxistas.
Criminalidade "motorizada"
Os ladrões estão a usar as motas para praticar assaltos. O roubo de motorizadas é também outra estratégia cada vez mais frenquente no mundo do crime, na cidade de Nampula. Semanalmente, a polícia recupera dezenas de veículos roubados. As autoridades admitem o aumento da criminalidade, sobretudo no populoso bairro de Namicopo, mas garantem que ações de combate estão em curso.
Mortes causadas por mototaxistas
As autoridades policiais de Nampula dizem que os mototaxistas têm contribuído para as mortes nas estradas, devido à falta de conhecimento das regras de condução. "O departamento de Polícia de Trânsito continua a sensibilizar os mototaxistas, para que obedeçam as normas de trânsito, ou seja, não devem levar mais de um cidadão", disse Zacarias Nacute, porta-voz da polícia em Nampula.