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Manica: Mulheres queixam-se de discriminação nas autarquias

Bernardo Jequete (Manica)
2 de outubro de 2018

As mulheres representam metade dos votos no país, mas não têm forte presença na tomada de decisões nas autarquias. Com o aproximar das eleições autárquicas, a 10 de outubro, questiona-se o porquê da situação.

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Mulheres da Beira, centro de Moçambique.Foto: picture-alliance/dpa

Ivete Luís David, munícipe de Chimoio, lamenta que as mulheres ainda sejam pouco ouvidas na tomada de decisões, a nível administrativo.

Apesar disso, nas próximas eleições, Ivete David não deixa de ter expetativas: "Gostaria que o candidato que vencer [as autárquicas] enquadre a mulher em quase todos os setores de atividade do seu município."

A munícipe também considera que o novo edil "deveria criar fundos dentro do Conselho Municipal, e não só, visto que a mulher é vítima de várias situações e, por isso, é obrigada a ter um seguro para que possa garantir o seu futuro." E ela questiona: "A mulher é aquela que é abandonada com uma criança e o homem vai [embora] - como é que [ela] fica?"

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Eleitora votando em Maputo nas eleições gerais de 2014Foto: Getty Images/AFP/Gianluigi Guercia

Programas para mulheres nos manifestos eleitorais?

Segundo David, há mulheres em Moçambique com mais capacidades do que alguns homens, mas não lhes são confiadas tarefas como cargos de chefia, por exemplo. Daí que insista junto dos cabeças de lista para que incluam no seu manifesto eleitoral projetos que beneficiem a mulher em particular.

"O candidato tem que olhar mais para as mulheres e tentar enquadrá-las nas listas, seja para funções parlamentares ou municipais. O candidato que for eleito terá que criar mais associações para as mulheres moçambicanas como forma de melhorar as suas vidas e dar às mulheres mais força e protagonismo  a nível nacional", pede a munícipe de Chimoio.

Face às reivindicações, a DW África ouviu políticos que estão na caça ao voto, para conhecer os projetos que cada partido propõe no seu manifesto eleitoral, que contemplem as mulheres. Afinal, elas representam cerca de metade dos votos do eleitorado.

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Panfletos de vários partidos colados na mesma parede durante a caça ao voto em 2014Foto: DW/J. Beck

Partidos cheios de promessas

A Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), partido no poder, através do seu cabeça de lista em Chimoio, João Ferreira, disse ter projetos "invejáveis", desde que façam parte de associações ou grupos organizados. Ferreira acredita que, se o seu partido vencer as eleições, as mulheres de Chimoio terão um brinde, no que tange ao financiamento de pequenos projetos desenvolvidos por elas.

Mas ele lembra que "as mulheres têm que criar associações em todos os bairros, para que possamos oferecer máquinas de costura e tecidos para poderem trabalhar."

O cabeça de lista da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), maior partido da oposição, Manuel Macocove, faz igualmente promessas: "Vamos criar condições para que as mulheres também possam dirigir grupos de outras mulheres nos mercados. Vamos criar projetos que ajudem o desenvolvimento da mulher, para além de linhas de crédito que poderão também financiar os seus projetos."

Já Alberto Nota, cabeça de lista do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), a segunda maior força da oposição, avança que "os projetos para a mulher serão diversificados, em função do que cada grupo definir". E, como é normal em tempos de caça ao voto, também faz promessas: "Iremos dar mais apoios e incentivos, por forma garantir que os projetos sirvam para gerar rendimentos no seio das famílias. Temos a agro-pecuária, a tecelagem, a prestação de serviços e o turismo."

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