Falta comida nos hospitais de Inhambane
29 de junho de 2017Vários doentes internados em hospitais da província de Inhambane, no sul de Moçambique, estão a comer refeições confecionadas pelos seus familiares, porque nas unidades sanitárias há falta de alimentos.
Ana Paula João está com a filha e a cunhada no Hospital Rural de Quissico, no distrito de Zavala, e diz que cozinha para várias pessoas: "A comida é para os doentes e, ao mesmo tempo, para mim", conta.
A situação repete-se noutros hospitais. Ao visitarmos o Hospital Rural no distrito de Massinga, encontramos Horácio João, um dos pacientes, a cozinhar arroz com feijão.
"Estou a comer com a minha mulher, porque ela também não tem comida", diz em entrevista à DW África.
No Hospital Rural de Chicuque, no município de Maxixe, Octávio Tinga queixa-se da alimentação pouca própria para o pai, que sofre de diabetes. Por isso, a família resolveu fazer as suas próprias refeições.
No hospital, "não é fácil preparar [refeições] só para a pessoa que tem diabetes", conta Tinga. "Estamos aqui a tentar fazer este pouco de alimentação, sem sal. A minha mãe é que prepara. Obviamente, tem de se gastar e não tem como."
Crise levou a falta de alimentos
Tânia João, diretora substituta no Hospital Rural de Chicuque, está a par da situação. A responsável reconhece que houve uma diminuição de alguns produtos alimentares nos estabelecimentos hospitalares moçambicanos, por causa da crise económica que o país atravessa.
"Em média, o gasto [mensal] era de 150 mil meticais [aproximadamente 2.180 euros], mas depois da diminuição caímos para 98 a 100 mil meticais [entre 1.420 e 1.450 euros]", adianta Tânia João. "A nível interno, houve uma diminuição das quantidades de alguns produtos para fazer face ao período de crise: Por exemplo, na quantidade de frango e de carne de vaca. Mas mantivemos a quantidade de peixe, feijão, arroz e farinha."
Solução em breve?
Mas, questionado pela DW África, o porta-voz da Direção Provincial de Saúde em Inhambane, Stélio Tembe, garantiu que a situação será resolvida "brevemente", porque os serviços já estão a receber algumas ajudas dos parceiros internacionais.
Tânia João, do Hospital Rural de Chicuque, também espera melhores dias: "Já estamos a ter libertação [de verbas] e ao nível da assistência médica por parte da Direção Provincial, e estamos a amortizar as aquisições [dívidas aos fornecedores de alimentos] que vínhamos fazendo."