Moçambique: As más lembranças herdadas do colonialismo
As recordações do colonialismo português em Moçambique estão bem preservadas nalguns lugares do país. No museu regional de Inhambane os objetos lá expostos contam muito sobre a ocupação que durou cerca de 500 anos.
A bandeira da opressão
Depois da queda da monarquia portuguesa em 1910, a bandeira portuguesa passou a ser um símbolo muito presente nas colónias portuguesas. No caso de Moçambique, o museu da província de Inhambane conserva um exemplar com duas cores (verde e vermelho), uma esfera armilar e um escudo. Moçambique teve a sua própria bandeira em 1975 quando se tornou independente.
Algemas que acompanharam escravos por longos períodos
A região de Inhambane, no sul, viveu o comércio de escravos. Eles eram vendidos principalmente para a Ásia, Europa e América. Mas os escravos sempre tentavam escapar-se, o que levou os senhores de escravos a algemarem-nos durante as viagens que podiam durar vários meses. Os portugueses e árabes eram os principais comerciantes de escravos.
Palmatória usada contra os moçambicanos
Para conseguirem colocar ordem nos territórios ocupados, os portugueses usavam instrumentos de tortura. O chicote era principalmente usado nos campos de trabalho e a palmatória contra todos que no entender dos colonialistas tivessem cometido qualquer erro. Como resultado surgiram grupos radicais para acabar com abusos praticados pelos portugueses em praça pública e na presença de familiares.
Pasta das chaves da Câmara da cidade
Ninguém sabe onde estão as chaves da Câmara Municipal da Cidade Inhambane, mas a pasta veio de Portugal e ficava guardada no gabinete do presidente da Câmara. Parceiros de cooperação e outras autarquias recebiam uma chave da cidade, num ato simbólico público, como forma de referenciar confiança no território.
Documentos oficiais
Todas a correspondência, detalhes dos registos de verbas, ofícios e outros documentos utilizados pelos colonialistas portugueses ao nível do distrito de Inhambane encontram-se bem conservados. Contêm muita informação, como por exemplo o pagamento dos impostos pelas comunidades, movimentos aduaneiros resultantes do uso do porto e boletins oficiais em campo de ação.
O registo da visita presidencial
O Presidente da República de Portugal o general Francisco Higino Cravino Lopes, (1894 - 1964) visitou a colónia distrital de Inhambane em 1956. Depois do seu regresso a Portugal aumentou a presença de cidadãos portugueses e o comércio clandestino de escravos principalmente nas rotas de navegação marítima.
Bombeiros
O número total de bombeiros que estiveram ao serviço português é incerto, mas está patente no museu um capacete do corpo de bombeiros com o símbolo da bandeira portuguesa. Os bombeiros prestavam serviços de socorro a vários campos, principalmente a classe burguesa que vivia dispersa com o objetivo de ocupar cada vez mais espaço.
A marca colonial também no desporto
Os campeonatos recreativos de futebol estavam divididos por categorias. A seleção do distrito de Inhambane na década de 1960 ganhou uma das taças ao nível regional sul. A "Taça Velosa” foi atribuída aos concorrentes. Em Moçambique vários clubes de futebol mantiveram os nomes de clubes portugueses, como por exemplo Sporting ou Benfica.
Imprensa de matriz colonial
Dois jornais marcaram o início da imprensa em Inhambane. Em 1914, Joaquim Augusto de Gouveia Pinto fundava o primeiro boletim informativo que tinha publicações quinzenais, com mais de 250 copias. Chamava-se “O districto d’Inhambane”. Depois José Flores fundou o “A Alvorada”, semanário republicano e democrático. Exemplares dos jornais eram enviados para vários distritos e às vezes para Portugal.